PF não vai recuar, diz diretor-geral
O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Fernando da Costa Lacerda, admite que o órgão passa por uma superexposição, avalia que não há mais "caixa-preta" no órgão, algo criticado pelo programa de governo do PT, e disse que os corruptos estão "com medo" após 54 grandes operações. Em entrevista concedida na última sexta, ele afirmou que a PF não vai recuar e pretende "aperfeiçoar" o trabalho em 2005.
"A superexposição é uma questão interessante. No programa de governo do PT, que li antes de assumir, diz-se que a Polícia Federal é uma caixa-preta. Hoje não há mais insinuações de caixa-preta."
Segundo o diretor-geral, será realizado um encontro para discutir a superexposição do órgão. Uma das críticas à PF tem sido o fato de as operações serem acompanhadas por cinegrafistas, fotógrafos e repórteres. Para Lacerda, a participação dos jornalistas é um "risco controlado", porque um caso de tiroteio, por exemplo, previsível para os policiais, poderia ganhar imensa repercussão.
Apesar do grande número de operações, Lacerda afirma que é preciso aperfeiçoar o trabalho. "Ainda não temos a velocidade que gostaríamos. Ainda não mostramos resultados em algumas áreas por questões materiais."
E repetiu que as operações serão mantidas em 2005. "É uma metodologia que tem revelado boa receptividade da sociedade em geral. Não há por que recuar", disse.
Em resposta às críticas de advogados de que o órgão resiste a dar acesso ao inquérito, o diretor-geral da PF afirmou que encara as queixas com "naturalidade". "É direito das pessoas reclamarem. Mas temos essa atribuição legal e devemos dar seqüência."
Definida como prioridade para 2005, o combate à corrupção deve ser centralizado nos servidores públicos que participam de quadrilhas. Como exemplo, cita a própria PF. "O número de policiais federais envolvidos em corrupção reduziu consideravelmente. Não digo que o corrupto ficou honesto, mas ficou com medo."
Lavagem de dinheiro
Um ano depois de estabelecer as primeiras metas para o combate à lavagem de dinheiro no país, 22 órgãos do governo federal mais o Conselho da Justiça Federal e o Tribunal de Contas da União definiram ontem os 43 objetivos para 2005, destinando mais esforços agora para a recuperação de bens e recursos ilícitos de suspeitos.
"Tivemos uma mudança de óptica. As polícias, o Ministério Público e o Judiciário devem trabalhar não só para prender as pessoas, mas para tirar os bens delas. A guerra é contra a empresa criminosa", disse Antenor Madruga, diretor de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional, ligado ao Ministério da Justiça.
Entre as 43 metas, há muitos projetos de mudanças na legislação e poucas medidas práticas. Uma delas é a criação, pela PF, de unidades especializadas no combate à lavagem de dinheiro onde a Justiça criou varas especializadas sobre o tema. Outra é fiscalizar empresas de transporte e guarda de valores, porque o governo não sabe o quanto movimentam.
IURI DANTAS
Fonte: Folha de S. Paulo
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