Nova onda: Polícia Federal ameaça entrar em greve este mês
No próximo dia 14 de dezembro, pela primeira vez na história da Polícia Federal, delegados, papiloscopistas e agentes federais unem esforços sindicais para reinvindicar do governo melhores condições de trabalho e aumento salarial. Até a semana passada, o encontro era visto como uma discussão de lideranças. Mas agora já se admite que dele sai o estratagema da próxima greve da Polícia Federal.
"O governo não conseguiu enganar mais ninguém e por isso nós agora estamos sendo chamados pela categoria para que façamos uma reunião com todos os órgãos envolvidos, as entidades de classe da PF. Mas, nós unidos, se o governo não atender a todas as reivindicações que ele prometeu, até mesmo antes das eleições, nós então poderemos contar com a greve como um fator decisivo para conseguir o que queremos", disse o presidente da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais), Francisco Carlos Garisto, à revista Consultor Jurídico. Garisto já foi segurança do Papa João Paulo Segundo, do Príncipe Charles e de dois presidentes dos Estados Unidos.
Este ano, a PF parou por dois meses. Da greve não obtiveram aumento salarial. Perderam na Justiça em 25 estados. Mas também não tiveram seus pontos cortados. Agora, delegados e peritos, que fizeram frente aos agentes e não cruzaram os braços naqueles dois meses, unem esforços por aumentos que gravitam entre 32% e 85%.
Confira o que diz Garisto:
O que acontece dia 14 de dezembro?
Por iniciativa da Federação Nacional dos Policiais Federais, nos resolvemos que no dia 14 vamos fazer um encontro de todas as entidades de classe, as associações, os sindicatos todos, com delegados, peritos, agentes, escrivães e papiloscopistas, que pela primeira vez na história da Polícia Federal estarão unidos num denominador comum.
Qual é esse denominador?
Nós estamos em busca de tudo aquilo que foi prometido à Polícia Federal mesmo antes da eleição do presidente Lula. O que foi prometido foi um aumento de orçamento, uma carreira policial federal, nossa Lei Orgânica aprovada e o respeito interno, democrático dentro do órgão. Nada disso foi cumprido, nos temos presidentes de sindicato que foram demitidos por participar da greve, policiais federais estão respondendo inquéritos em todo o país por ter participado de greve no governo de um partido que comanda o governo que é justamente o Partido dos Trabalhadores, ou seja, o governo faz uma perseguição social, sindical, em larga escala dentro da Polícia Federal.
Há outros problemas?
Sim, se não bastasse isso, aos delegados o governo havia prometido um aumento de 32%, no período da greve, e traíram esses delegados e os peritos, que ficaram contra nós na nossa greve, mas agora perceberam que foram enganados pelo governo que ofereceu 17% de aumento quando na verdade nós todos da PF estamos com uma defasagem de 85%. Ou seja: o governo não conseguiu enganar mais ninguém e por isso nós agora estamos sendo chamados pela categoria para que façamos uma reunião com todos os órgãos envolvidos, as entidades de classe da PF.
Qual a postura? De greve mesmo?
Vamos fazer um enfrentamento real com o governo, dentro da democracia, dentro dos argumentos. Eu neguei a existência da greve porque dia 14 não está marcado para discutir greve. Mas, nós unidos, se o governo não atender a todas as reivindicações que ele prometeu, até mesmo antes das eleições, nós então poderemos contar com a greve como um fator decisivo para conseguir o que nós queremos.
Fonte: Revista Consultor Jurídico, 02 de dezembro de 2004
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