Entidades se posicionam sobre a nomeação do ministro da Justiça
Jornal GGN - Celebrada por associações de Procuradores da República, a escolha do subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão, para o Ministério da Justiça não gerou as primeiras reações positivas por parte da Polícia Federal, ainda sem consenso definido de posicionamento.
Se, em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e dos Membros do Ministério Público (Conamp) parabenizaram a indicação e ressaltaram apoio "irrestrito" a Aragão, delegados da Polícia Federal não viram com bons olhos.
"O PT já procurava um nome para controlar a Lava Jato", defendeu um integrante da PF dentro da força-tarefa, ao comentarista da rede Globo, Gerson Camarotti. Os investigadores da Lava Jato teriam ficado "surpresos" com a decisão da presidente Dilma Rousseff, por "temer" que Aragão possa criar conflitos com a Polícia Federal.
É que a larga experiência de Eugênio Aragão no Ministério Público Federal, até então representando o órgão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), traria mais representatividade aos procuradores, uma vez que "tem a determinação, a competência e o equilíbrio como características reconhecidas por todos os seus pares".
Por outro lado, a falta de posicionamento da PF, sem publicar notas oficiais, provocou a reação de integrantes do Sinpef PR. O agente Federal Rodrigues, representante sindical, afirmou ao GGN que as "representações saúdam a escolha do novo Ministro da Justiça pela presidenta Dilma". "Nós policiais federais retomamos assim a esperança de dias melhores não só para a Polícia Federal mas para a Segurança Publica de nosso país que clama por reformas", comunicou.
Eugênio Aragão foi quem recebeu as delações premiadas da Operação dentro do TSE. Delegados lembram, ainda, que a carreira do novo ministro da Justiça (o MPF) tem conflito permanente com a Polícia Federal.
Nas redes sociais, procuradores criticaram a defesa de delegados da PF que acreditam que um possível nome aliado à presidente Dilma na Justiça poderia brecar os avanços da Operação Lava Jato. "Hoje, a Lava Jato é uma Operação com mais de 30 membros do MP brasileiro. Esqueçam essa história de MJ poder brecar algo", disse em seu Twitter a procuradora da República, Monique Cheker.
"[Os procuradores da força-tarefa] são colegas sérios e competentes, que não estão na Lava Jato "de favor". A Lava Jato, hoje, é a investigação mais fiscalizada do Brasil", frisou Cheker.
FENAPEF
A Federação Nacional dos Policiais Federais soltou nota apoiando a indicação feita pela presidente Dilma Rousseff. A nota sai em nome dos 27 sindicatos associados e aposta na vasta experiência do novo ministro para enfrentamento das crises. Além disso, como prova de boa vontade, colocam-se à disposição "para colaborar nas propostas de fortalecimento da Polícia Federal e da segurança pública do país". Leia a nota na íntegra.
NOTA
Federação e sindicatos dos Policiais Federais parabenizam o novo Ministro da Justiça Eugênio Aragão
Brasília, 14.03.2016
A Federação Nacional dos Policiais Federais (FENAPEF) e seus vinte e sete sindicatos filiados vêm a público congratular o subprocurador-geral da República, Eugênio Aragão, anunciado nesta segunda-feira, 14, pela Presidente Dilma Rousseff, como novo ocupante do cargo de Ministro da Justiça.
Tão logo foi anunciado, o nome de Eugênio Aragão foi associado à sua larga experiência profissional e acadêmica, tendo ocupado importantes funções no Ministério Público Federal, o que se traduziu no imediato reconhecimento dos seus pares. Experiência, competência e equilíbrio foram as características mais citadas quando se fala do eminente Ministro.
Com o currículo e a vasta experiência que detém, o Ministro Eugênio certamente irá enfrentar com equilíbrio as muitas responsabilidades da pasta, neste difícil momento do País, e saberá conduzir democraticamente, com firmeza, eficiência e conhecimento de causa, as suas atribuições constitucionais.
A ocupação do Ministério da Justiça por um componente do Ministério do Público gera grandes expectativas para aos Policiais Federais pela previsão de aplicação de políticas voltadas para modernização da segurança pública, mediante a implantação de um novo modelo de investigação criminal e pela efetivação da estrutura de carreira para o efetivo da Polícia Federal.
As entidades representativas dos Policiais Federais saúdam o novo Ministro da Justiça e se colocam à disposição para colaborar na construção de propostas para o fortalecimento da Polícia Federal e da segurança pública do país.
Luís Antônio de Araújo Boudens
Presidente
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