Em audiência, deputados e militares pedem integração das polícias
A necessidade de integração entre os setores de inteligência das policiais Civil, Militar e Federal,
assim como uma maior responsabilização do governo federal no policiamento das fronteiras, foram os principais temas discutidos em audiência pública promovida pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (10).
A audiência foi convocada pela Subcomissão Permanente para tratar do Combate ao Crime Organizado e contou com as presenças de dois oficiais da Polícia Militar, os coronéis Wilquerson Felizardo Sandes, do Mato Grosso; e Antônio Jorge Goulart Matos, coordenador de Inteligência da PM do Rio de Janeiro.
O coronel Goulart, coordenador de Inteligência da Polícia Militar do Rio de Janeiro, disse que os traficantes cariocas estão deixando os revólveres de lado e tem usado cada vez mais armamentos pesados. Segundo ele, o número de revólveres apreendidos tem diminuído, enquanto armamentos mais pesados representam, a cada ano, percentual maior na estatística de armas apreendidas no Rio de Janeiro.
A PM do Rio de Janeiro apreende em média, por dia, oito pistolas, oito revólveres, uma granada e um fuzil – números que não compreendem apreensões feitas pela Polícia Civil. “Mas a quantidade de apreensões tem aumentado. Apenas a de revólveres tem reduzido em média 10% a cada ano. Já o número de apreensões de pistolas e de fuzis tem aumentado 18% a cada ano”, disse.
Facções criminosas
O coronel informou que são quatro as facções existentes no estado: Comando Vermelho, Amigos dos Amigos (ADA), Terceiro Comando Puro (TCP) e as milícias. Ele explicou que os fuzis são usados no estado por essas facções criminosas para garantir domínio territorial.
Ao responder pergunta do deputado Pastor Eurico (PSB-PE) a respeito da origem dos fuzis apreendidos no Rio de Janeiro, o coronel Goulart disse que não tinha como responder a pergunta. “Nós não temos o poder de investigar”, disse. Segundo Goulart, quem investiga tem mais poderes legais do que quem trabalha apenas com o policiamento ostensivo e inteligência, como a PM.
“Mas se a PM tiver o poder de investigar, vai tirar policiais da rua. E, nesse caso, quem vai fazer o policiamento ostensivo?”, perguntou o deputado Moroni Torgan (DEM-CE), presidente da comissão.
Fronteiras
O coronel Wilquerson Sandes, da PM do Mato Grosso, tratou de outro aspecto relacionado à criminalidade e ao tráfico de drogas nos grandes centros urbanos: o tráfico de armas pelas fronteiras. Segundo ele, o crime está diretamente associado ao tráfico de drogas. “Nós fazemos muito com pouco, mas é preciso mais integração entre as polícias para evitar o jogo de empurra”, disse.
O deputado Aluisio Mendes (PSDC-MA), autor do requerimento de convocação dos oficiais e sub-relator designado para analisar o tráfico de armas, cobrou maior presença do governo federal na fronteira: “O governo federal delega isso aos estados e tem que assumir mais responsabilidades”.
Falta integração
Deputados da comissão criticaram a falta de integração entre as diversas corporações policiais no combate ao tráfico de drogas e de armas, principalmente no que diz respeito à troca de informações de inteligência.
“Não consigo entender por que essa divisão. Por que as polícias não conversam”, questionou o presidente da comissão, deputado Moroni Torgan (DEM-CE). “Por que as polícias não conversam?”, perguntou a deputada Laura Carneiro (PMDB-RJ).
O coronel Goulart fez questão de ressaltar, porém, que no Rio de Janeiro houve uma evolução grande da área de inteligência, com trocas de informações entre a PM, a Polícia Civil e a Polícia Federal.
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