Novo chefe da PF em SP toma posse amanhã
Em uma solução caseira, a Polícia Federal empossa amanhã o delegado José Ivan Lobato como novo superintendente do órgão em São Paulo. Amigo do diretor-geral Paulo Lacerda e respaldado pela cúpula da PF, Lobato ocupa o lugar de Francisco Baltazar da Silva, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Baltazar pediu demissão há oito dias alegando motivos pessoais.
Lobato auxiliou Lacerda nas investigações sobre o caso PC Farias, em 1993 e 1994, e chegou a indiciar responsáveis por grandes empreiteiras, como a Andrade Gutierrez e Encol, suspeitos de integrarem o chamado esquema PC. Desde o ano passado, ocupava a Coordenação Geral de Segurança Privada, responsável pela autorização, fiscalização e suspensão do funcionamento de empresas da área.
Durante sua gestão como superintendente da PF em Rondônia, Lobato investigou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra por suposta cobrança de pedágio para acesso à terra. Segundo as apurações, o MST cobrava um percentual do dinheiro obtido pelos agricultores para manutenção do grupo. Anos antes de cuidar de Rondônia, Lobato atuou no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) da PF.
Ontem, Lacerda passou a manhã reunido com Lobato conversando sobre a superintendência. A idéia é realizar um trabalho conjunto do Estado com a direção, inclusive na escolha dos subordinados diretos.
Tanto o diretor-geral da PF quanto o ministro da Justiça esperam que Lobato consiga levar a cabo a depuração da superintendência. Correição conduzida por policiais federais de Brasília analisou 10 mil inquéritos instaurados desde 2000, indiciando 20 policiais por supostas falhas.
Na avaliação da cúpula da PF e no ministério, boa parte das chefias de São Paulo já não apresenta problemas. Em ao menos duas operações --Anaconda e Lince-- , coordenadores da superintendência foram indiciados como suspeitos ou até presos.
Desde a Operação Anaconda, no ano passado, a Corregedoria e a Inteligência monitoram permanentemente o funcionamento da superintendência paulista.
Baltazar ocupou o cargo na cota pessoal de Lula. O delegado coordenou a equipe de segurança do petista nas quatro eleições presidenciais que disputou --89, 94, 98 e 2002. Baltazar é investigado pela PF por envolvimento com o doleiro Antonio Claramunt, o Toninho da Barcelona. O policial admite ter comprado US$ 134,6 mil de Barcelona, de 1997 a 2002. Procurado, Baltazar não respondeu aos recados.
Indagado ontem sobre o assunto no fim da manhã de ontem, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, afirmou que não poderia falar a respeito, pois não havia nada concluído.
Antes de Lobato, outros delegados foram sondados e até convidados. Alguns recusaram e outros tiveram seus nomes vetados pela Inteligência, por suspeitas.
IURI DANTAS
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