POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


A polícia do futuro do senhor diretor »

31/07/2009

A polícia do futuro do senhor diretor » A ascensão de Luis Fernando Corrêa a diretor-geral do Departamento de Polícia Federal gerou uma expectativa muito grande junto aos policiais, motivada, em primeiro lugar, pelo passado do diretor dentro da PF e em segundo, em razão de um discurso de implementação de uma polícia de primeiro mundo. Corrêa visitou polícias de vários lugares do planeta, logo teria um bom entendimento sobre o que e como fazer para chegarmos a esse objetivo. Com o apoio de todos, o diretor começou a implantar aquilo que imaginava ser o ideal. Primeiro passo foi incrementar uma idéia de que o antigo não presta e a experiência é dispensável. Renovou toda a diretoria e superintendentes, e os policiais experientes de todos os cargos ficaram à margem de toda e qualquer decisão. Passados mais alguns meses, veio o famigerado ponto eletrônico. Luis Fernando, que foi policial e trabalhou em vários setores da Polícia, sabe que esse sistema de controle é incompatível com a atividade policial. Se eles querem controlar a entrada, estamos de acordo, deve haver horário rígido para o começo da jornada e a mesma rigidez para o fim da jornada. Ninguém mais deve trabalhar após às 18h. À medida que houver a necessidade de uma sobrecarga de trabalho, há de se exigir o descanso compatível, sempre atento à jornada de quarenta horas semanais. Em 30 de junho de 2008, a Federação Nacional dos Policiais Federais revelou o descontentamento da categoria em matéria em seu site. A Federação encaminhou manifestação ao DPF e ainda registrou o preconceito de alguns delegados por que teriam de entrar nas mesmas filas dos demais servidores para bater ponto. Mas parece que nem isso sensibilizou a turma do chefe. Firmes no propósito de burocratizar o órgão, os doutores em gestão insistem em manter o ponto. É preciso avisar a direção que o crime não tem ponto eletrônico e trabalha em três turnos obrigando os policiais a estarem sempre em alerta. O mais incrível de tudo é que a polícia do futuro inventou o tal de descanso biológico que dependerá da avaliação de um chefe bacharel em direito. Como o bacharel em direito não está habilitado para avaliar o esgotamento de qualquer servidor, a Federação orienta aos colegas que após uma atividade intensa, com esgotamento físico e fadiga total a procurarem um médico. Este seguramente terá mais condições de avaliar qual o tempo necessário para a recuperação. LO - A Lei Orgânica, que poderia trazer avanços, sofreu forte reação por parte da direção geral, principalmente no que diz respeito às atribuições. O ministro Tarso Genro já havia aprovado uma gama de atribuições compatíveis com a escolaridade exigida aos APFs, EPFs e PPFs, mas a pressão do DG fez suprimir do anteprojeto questões relevantes. A não alteração dessa minuta poderá leva-la a juntar-se a tantas outras que jazem empilhadas em uma gaveta do edifício sede. Não esqueçamos que na negociação da Lei Orgânica estava incluído o reenquadramento dos policiais da terceira classe. A proposta de Decreto divulgada recentemente não atende o que foi acordado. Outra iniciativa da polícia do futuro é instauração de Processos Disciplinares em quantidades nunca vistas no DPF. Os números de P.D.’s são muito mais elevados hoje, do que quando o senhor diretor era sindicalista e os diretores da polícia eram os militares. O caso mais notório, na já extensa lista de P.D.’s da Gestão Correa, é o do escrivão da Paraíba que não abriu o cartório fora do horário de expediente para que um delegado esquecido pegasse sua arma. O escrivão sofreu o processo e foi condenado pelo delegado esquecido e seus pares. Felizmente a justiça, atenta aos desmandos autoritários, anulou a bravata burocrática das autoridades. A Fenapef registrou a vitória do policial na justiça em seu site. Conforme policiais federais, a nota foi replicada na intranet do DPF, mas misteriosamente teria sido alterada por força da ira de alguns doutores. A censura está de volta. Em outros tempos greves e paralisações feitas pelos policiais, muitas até mesmo sob a liderança do então sindicalista Luis fernando, não eram motivo para corte de ponto. Hoje estão suprimindo valores de contracheques de alguns colegas por conta de uma paralisação. (Em vez de cortar o ponto, por que não exigir a compensação?) A política de remoções do DPF é um capítulo à parte. A Polícia Federal dos coronéis, delegados da civil e outros, sempre teve preocupação com os colegas lotados em lugares inóspitos. A atual administração, por meio de uma portaria, acabou com o concurso de remoções sentenciando os policiais não delegados a permanecerem em fronteiras por tempo indeterminado. Aliás, catapultou indiscriminadamente escrivães e servidores administrativos do edifício sede para a SR/DF, sem uma justificativa plausível e sem levar em conta o próprio servidor. A Federação e os Sindicatos têm uma série de questões, de suma importância para a categoria, para serem tratadas: as últimas decisões do TCU referentes às aposentadorias, a solução para o reenquadramento dos colegas da terceira classe, defesas judiciais de colegas, ora em PDs absurdos, ora em processos penais em virtude da atividade policial, entre outras. Não bastasse isso, temos que estar sempre atentos às portarias emanadas da direção que, invariavelmente, trazem prejuízos a todos servidores do Departamento de Polícia Federal. O atual diretor ainda tem um tempo bastante razoável, suficiente para rever alguns atos e procurar ouvir mais os servidores, pois só assim ficará lembrado como um verdadeiro diretor-geral e não como o diretor que deu as costas aos policiais federais. Marcos Vinício Wink é presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais Fonte: Agência Fenapef

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais