POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


A ameaça das drogas no Brasil

26/06/2004

A ameaça das drogas no Brasil Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o uso de drogas em 12 países alerta para o risco de o Brasil se tornar alvo preferencial do tráfico internacional. O documento afirma que, ao contrário do que prega o senso comum, o país não é um dos maiores consumidores de drogas do planeta. Mas é exatamente esta constatação que serve de alerta: como tem população relativamente jovem e ainda consome quantidade pequena de drogas, o Brasil é visto como um terreno fértil para os negócios do narcotráfico.

— Os traficantes buscam clientes jovens, com dinheiro a ganhar para gastar com drogas, além de ser também um público mais influenciável. Neste contexto, o Brasil se torna alvo dos traficantes — disse o italiano Giovanni Quaglia, representante do escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), ao apresentar o relatório sobre o consumo de drogas em 12 países.

Brasil não é um grande consumidor

O relatório compara o consumo em 12 países: Brasil, Estados Unidos, México, Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Espanha, Reino Unido, Holanda, Austrália e África do Sul. O estudo conclui que o Brasil não é um grande mercado consumidor de drogas. Se comparado à população total, o índice de pessoas que usam drogas no país é bem menor que o da grande maioria dos demais países pesquisados. Ontem foram incineradas em Volta Redonda, no interior do Estado do Rio, 85 toneladas de maconha e cocaína apreendidas pela Polícia Federal.

O estudo destaca ainda o consumo de drogas entre jovens, com base em pesquisas que usam idades variadas em cada país. Neste quesito, não há dados sobre o Brasil. A Espanha aparece como o país com maior percentual de jovens usuários de maconha: 32,4% dos estudantes de nível médio.

Entre as nações que tiveram o consumo geral da população comparado, o Brasil é o penúltimo colocado no ranking de consumidores de cocaína: 0,4% consomem a droga, dado que fica acima apenas do registrado no Uruguai (0,3%). A Espanha está na frente no ranking da cocaína. Lá, 2,6% da população consomem a droga. No consumo de anfetaminas e ecstasy, o Brasil também é penúltimo colocado, com 0,3% de ocorrência entre a população total. O último é o Uruguai.

Na comparação sobre o consumo de maconha, a droga mais usada entre os brasileiros, o país tem índice superior apenas ao do México. No Brasil, 1% da população consome a droga. No México, esse índice é de 0,6%. Os Estados Unidos são o primeiro, com índice de 11%.

Segundo a ONU, 4,7% da população mundial acima de 15 anos (3% da população global) consomem algum tipo de droga ilícita. Em números absolutos, são 185 milhões de usuários de entorpecentes. A maconha e o haxixe são as drogas mais populares, consumidas por 146 milhões de pessoas. Em seguida vêm as anfetaminas e o ecstasy, com 38 milhões de consumidores, e a cocaína, com 3,3 milhões.

Consumidos principalmente pelos europeus, entorpecentes derivados do ópio são os que mais levam gente para o hospital: motivam 67% dos tratamentos na Ásia, 61% na Europa e 47% na Oceania. Na América do Sul, é a cocaína a responsável por 60% dos atendimentos. Na África, a maconha responde por 65% dos tratamentos contra a dependência.

O relatório também revela uma queda de 30% na produção da folha de coca, concentrada principalmente na Colômbia, na Bolívia e no Peru. Já as plantações de maconha aumentaram e se aproximam dos níveis registrados no fim da década de 80. O Brasil é apresentado como modelo no combate à disseminação da Aids entre usuários de drogas injetáveis. Em 1994, 24,5% dos casos de HIV eram registrados entre usuários de drogas. No ano passado, o índice caiu para 12,1%.

Nível de recursos recebe críticas

O representante da UNODC criticou o contingenciamento de recursos do Fundo Nacional Antidrogas.

— A maior parte do dinheiro que deveria ir para o combate e à prevenção é contingenciado. O que é gasto é muito pouco diante das necessidades de um país como o Brasil — disse Quaglia, que fez reparos ainda à política brasileira de atendimento aos usuários de drogas.

O secretário nacional antidrogas, general Paulo Roberto Uchôa, concordou com o representante da ONU no que diz respeito ao baixo nível de recursos destinados à prevenção do uso de drogas no país. Discordou, porém, da avaliação de que o país estaria vulnerável a uma ofensiva do tráfico internacional em busca de novos consumidores.

— Estamos nos preparando para que a população jovem tome a decisão sobre as drogas com responsabilidade, maturidade e informação.

Fonte: jornal OGLOBO.

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais