Queda de braço ameaça a Operação Lava Jato
Não é de hoje que Polícia Federal e Ministério Público se estranham. Uma queda de braço ocorreu durante a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37. A medida restringiria à Polícia Federal a atribuição de conduzir inquéritos. O MP se movimentou e conseguiu barrá-la. Na semana passada, veio um golpe na direção contrária. A pedido do procurador geral da República Rodrigo Janot, sete dos 26 inquéritos relacionados à Operação Lava Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal foram suspensos antes que a PF pudesse colher depoimentos agendados. Em nota publicada na noite de segunda-feira, o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, Marcos Leôncio Souza Ribeiro, disse repudiar "a tentativa do Ministério Público Federal de interferir nas apurações da Polícia Federal". E poderia se tratar do enredo de sempre não fosse a entrada em cena de outra proposta de emenda constitucional: a PEC 412/2009, que confere autonomia funcional e orçamentária à PF. O documento foi desengavetado no Congresso em fevereiro, e isso pôs a pulga atrás da orelha de muitos procuradores. "Quando o Ministério Público tem uma investigação chave que pode ter graves consequências políticas, reaparece no Congresso uma proposta delirante de autonomia da Polícia Federal. Qual foi o tipo de persuasão de que eles se valeram para conseguir a ressurreição dessa proposta?", questiona o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho. Combine-se o questionamento de Camanho com as alegações do MP, segundo o qual a PF estava ignorando o cronograma de oitivas definido pelos procuradores que conduzem a Lava Jato - um movimento que poderia levar, lá na frente, à anulação das investigações, especialmente em um caso que atinge pessoas com foro privilegiado. A rixa entre as corporações começa a ganhar contornos de guerra.
Últimas Notícias
O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais