POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


Leonel Brizola morre aos 82 anos

23/06/2004

Leonel Brizola morre aos 82 anos Rio de Janeiro - O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, morreu na noite desta segunda-feira, aos 82 anos, de enfarte. Ele estava internado no Hospital São Lucas, em Copacabana, bairro onde morava. Brizola tinha uma infecção pulmonar e foi submetido a uma bateria de exames. Por volta das 18 horas, quando já estava liberado, o ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul teve uma parada cardiorrespiratória e foi transferido para a emergência, onde recebeu sedativos. Os médicos, então, passaram a lutar para reanimá-lo, mas Brizola não reagiu. A governadora Rosinha Matheus decretou luto oficial de três dias no Estado.

O diretor da Unidade Cárdio-Intensiva do São Lucas, Marcos Batista, informou que a morte de Brizola ocorreu às 21h20. O médico contou que durante a tentativa de reanimar o ex-governador, ele recebeu um marcapasso. Ele confirmou a causa oficial da morte: enfarto agudo do miocárdio. Os parentes de Brizola presentes não falaram com a imprensa.

Logo que soube da morte de Brizola, Rosinha Matheus abandonou o lançamento do filme Pelé Eterno, no Theatro Municipal, no centro, e seguiu para o hospital. “Brizola, para nossa família, foi muito mais do que um político. Foi um amigo, orientador, alguém que nos ensinou os valores positivos da política, como o amor pelo Brasil e pelo seu povo”, disse ela.

Seu marido, o secretário de Segurança Pública, Anthony Garotinho, a acompanhou: “Fiquei surpreso porque ontem à noite estive na casa do Brizola com Rosinha, Clarissa (filha de Garotinho), Moreira Franco, e ficamos mais de duas horas conversando. Ele estava no quarto deitado, com soro, mas muito animado com o futuro do Brasil. Foi uma conversa muito emotiva, muito emblemática, quase uma reunião de despedida.”

Garotinho contou que a reunião durou das 18 horas às 20h45. Ele ainda conversou com o médico de Brizola, que estava de saída. Segundo o secretário, o médico disse que Brizola tinha passado muito frio no Uruguai e se sentiu resfriado. O médico relatou ainda que o ex-governador cometera extravagâncias alimentares. “Ele tinha comido mocotó e parrija, uma comida típica gaúcha. Aí teve uma indisposição”, disse Garotinho.


Choro
Ao chegar ao São Lucas, Rosinha chorava muito. Hoje no PMDB, Garotinho ganhou projeção na política fluminense na legenda criada por Brizola, ao eleger-se governador do Estado em 1998 em coligação com o PT. Após anos de rompimento, os antigos aliados estavam em fase de reaproximação.

O deputado federal Moreira Franco (PMDB), ex-adversário político de Leonel Brizola, a quem derrotou na eleição para o governo do Estado de 1986, esteve no hospital. Na saída, revelou que tivera uma reunião na véspera na casa do presidente do PDT, junto com Rosinha e Garotinho. “Ele já estava de cama, mas muito entusiasmado. Conversamos muito sobre as eleições municipais.”


Cieps
O arquiteto Oscar Niemeyer, que apesar de comunista sempre participou das campanhas políticas de Brizola e é o autor dos dois maiores projetos de seus governos, os Centros Integrados de Educação Popular (Cieps) e o Sambódromo, disse que a morte do ex-governador é uma “perda muito difícil”. “Era um brasileiro nacionalista, que sempre sonhou com um País livre e independente.”

Líder carismático e especialmente querido pela população mais pobre do Rio, Brizola atraiu dezenas de pessoas para os arredores do Hospital São Lucas logo que as emissoras de rádio e televisão anunciaram sua internação. Um grupo com bandeiras do PDT gritava que as favelas do Rio estavam de luto.

O site do PDT já no fim da noite homenageava o líder. “Brizola, sua mensagem permanece”, anunciava o partido, sobre uma foto na qual o ex-governador aparece com expressão séria sobre fundo vermelho. A assessoria de imprensa do PDT informou que o velório será no Palácio Guanabara, sede do governo do Estado, a convite de Rosinha. A família pretende que o corpo seja levado, em cortejo, até um Ciep. A previsão é de que o enterro seja Quarta-feira, em São Borja, no Rio Grande do Sul, no jazigo da família, ao lado de sua mulher, dona Neusa, que morreu em 1993.

Simpatizante do ex-presidente Getúlio Vargas, Brizola ingressou no PTB em 1945. Seu primeiro cargo eletivo foi de deputado estadual, no Rio Grande do Sul, em 1947. Em 1954, foi eleito deputado federal. No ano seguinte, tornou-se prefeito de Porto Alegre. Em 1958, governador do Estado. No ano de 1962, foi o deputado federal mais votado do País pelo antigo Estado da Guanabara, com 269 mil votos. Com o regime militar, em 1964, exilou-se no Uruguai, retornando ao País em 1979 com a anistia. Foi eleito governador do Rio em 1982 e 1990. Disputou duas eleições presidenciais, em 1989 e 1994, perdendo ambas.

Rodrigo Morais

Fonte: site da FENAPEF

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais