POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


Respeito é bom e necessário

17/05/2004

Respeito é bom e necessário Existe um ditado popular no meio policial que diz o seguinte: " Quando alguém da sociedade passa por um momento de dificuldade, ele clama por Deus e chama a polícia. Quando o problema foi resolvido e está tudo bem, ele se afasta de Deus e mete o pau na polícia." Este jargão popular nunca foi tão atual como nos dias de hoje.


É preocupante o comportamento de uma sociedade que age tão passivamente, quase que indiferente perante assuntos de fundamental importância para ela própria.


O crescente aumento dos problemas relacionados á questão de Segurança Pública deveria trazer ao debate social o papel que está sendo desempenhado pelo Estado neste campo, assim como suas causas e consequências. Mas, infelizmente, não é o que estamos vendo. A impressão que dá é que a sociedade está completamente despreocupada e alheia a tudo isto. E isso é lamentável.


Recentemente, parte de uma das mais importantes instituições policiais do País, a nossa Polícia Federal, realizou uma greve nacional por quase dois meses e a sociedade quase não se atentou para isto.


Como os nossos governantes, e também aqueles que ocupam importantes cargos, em importantes instituições que estão ligadas ás questões de segurança pública do nosso país, também saem do seio desta mesma sociedade, há que se considerar que ali também há gente agindo com certa indiferença em querer solucionar tais problemas. Ou talvez priorizem outras questões ( ? ).


Longe de se discutir aqui e agora as razões do movimento paredista e tampouco entrar em seu mérito. Claro que é necessário se discutir essa questão, porém, em outra esfera.



Devemos, isso sim, externar a nossa preocupação no tocante à falta de sensibilidade dos nossos dirigentes em lidar com tais questões, e o que é mais grave, a falta de respeito generalizada de todos, para com a instituição Polícia. Assim sendo, isso só aumenta a insegurança pública. A sociedade deve deixar a hipocrisia de lado e conscientizar-se do preço que esta indiferença pode vir a custar-lhe. A final, o que ela, sociedade, quer para si? Deveria a sociedade questionar, por exemplo, o porquê do aumento crescente das apreensões de drogas País afora. Não será porque se aumenta a oferta, é justamente porque dá-se o aumento da procura? Ora isso é raciocínio lógico.


As coisas têm de funcionar na área da Segurança Pública, assim como nas áreas da Saúde e da Educação e em todas as outras. Uma polícia séria deve ser cobrada, mas para isso precisa antes ser bem paga, bem estruturada e principalmente, bem respeitada. Aliás, este respeito foi o que também não se viu durante os quase dois meses de paralisação dos Agentes, Escrivães e Papiloscopistas Federais. Faltou respeito por parte da Sociedade, do Governo (o qual deveria ter se empenhado mais, e de forma independente e autônoma para resolver a questão lá no início ou mesmo antes da paralisação) e o que é pior, faltou respeito entre os próprios policiais da instituição.


A profissão policial é, ao meu ver, uma das mais valorosas. No tocante a "ser policial", há de se fazer uma importantíssima observação. Aquele que se propõem a ingressar na carreira policial e o ser de fato, deve estar disposto a executar as suas atribuições obedecendo alguns princípios, como por exemplo: competência, responsabilidade, disciplina, dedicação e honestidade. Se assim o fizer, com certeza conseguirá ter uma satisfação profissional muito grande.


Penso que, em tudo o que fazemos na vida, também devemos fazer aplicando tais princípios. Assim sendo, aquele que assim age, naturalmente encontrará pessoas que o observará, que o acompanhará em suas atitudes, que o admirará e conseqüentemente o respeitará.


Respeito. Palavra forte e gratificante que já ha algum tempo têm se ausentado das repartições policiais neste País. Isto não deveria estar acontecendo, pois o seu significado vale mais que o significado de muitas outras palavras, inclusive, daquelas que ouvimos desfilar durante o tempo que durou a paralisação. Palavras tristes e infelizes, como por exemplo: "insensatos", "aposentados", "pretensiosos", "ditadores", "genéricos" e outras mais...


Ser policial, de fato, é ser "homem" de fato; é ser "humano" de fato. É ser inteligente ao ponto de saber que, tanto na vida pessoal como na vida profissional, o respeito deve ser conquistado, jamais imposto. O respeito é devido á todas as pessoas em todas as profissões, cargos e graus de relacionamentos. Aquele que o merece, irá naturalmente recebê-lo como uma deferência. Porém, se o respeito não vêm naturalmente deverá ser ele exigido por quem o merece. Já aquele que não o merece, independente do cargo que ocupe, de chefia ou não, não o exija, pois, se o fizer, estará caindo no ridículo perante a corporação, perante os homens e policiais de fato.


Feliz é aquele que consegue ter para consigo o respeito no seio do seu lar, na convivência dos familiares, no exercício da amizade e no ambiente de trabalho.


Particularmente, penso que o respeito é de fundamental importância quando exercido no seio da família, assim como importante também o é no campo das amizades verdadeiras. Entretanto, se nas relações profissionais de uma instituição o respeito deixar de ser usado, estará ela fadada ao insucesso e ao fracasso.


Todas as vezes que leio o texto " Ser esposa de policial é..."que minha querida esposa escreveu, sinto-me confortado. Sinto-me bem e concluo que ao entrar nesta profissão, há quase 15 anos atrás, eu estava fazendo a coisa certa, pois, com meu jeito de ser, seguindo aqueles princípios na vida particular e profissional, consegui ter o reconhecimento e o respeito dela de minha família e dos meus amigos. E é isso o que realmente importa.


Sentir isto é muito gratificante. Gostaria que muitos outros policiais que ainda não desfrutaram essa emoção, possam, um dia vir a sentí-la.


Há de se esperar que todos os homens de bem que integram uma instituição policial, ou seja, policiais de fato, desempenhando suas várias funções administrativas ou operacionais, não importando a natureza, pois todas são de grande valia e importância para a instituição, independente dos cargos que ocupem ou venham a ocupar, homens novos e antigos na polícia, não deixem nunca de exercer suas funções com dignidade, e que não esperem reconhecimento de quem quer que seja, tampouco daqueles que deveriam reconhecer, mas dêem e exijam respeito. Não esperem e nem queiram nada daqueles que ocupam cargos, de chefia ou não, que foram alçados através da conveniência e não da competência.


Uma coisa é “ser polícia”, exercer a profissão policial de fato, outra coisa é “estar na polícia”, ser um funcionário que trabalha numa instituição policial, como poderia ser numa outra qualquer. O que querem a sociedade os nossos dirigentes e governantes? Pois bem, com o tipo de tratamento destinado á categoria policial, penso que todos eles sociedade, governantes e dirigentes querem, ao invés de policiais de fato, alguns meros servidores ou funcionários, e de preferência, submissos e sem iniciativas. Se você, policial, souber dar respeito a quem merece e assim poder, também, exigí-lo, souber ser pessoa digna e justa, e usar habitualmente no lidar com seus pares, palavras como "por favor", "obrigado", além de saber reconhecer e parabenizar o sucesso de um serviço; elogiar em público; instruir a quem é humilde e quer aprender; e ser, também, humilde e querer aprender; dar opinião ou debater quando solicitado; se necessário, repreender um colega no particular; reconhecer um erro; desculpar-se; atribuir o êxito de uma missão para a equipe e não para si, não se preocupe, pois naturalmente você já é respeitado e reconhecido pelos seus pares.


Sendo assim, sinta-se bem consigo mesmo, pois este bem estar não é privilégio de muitos. Por fim faço aqui um apelo aos bons e verdadeiros policiais. Primeiramente, se dêem o devido respeito. Façam por merecê-lo. Não permitam que injustiças aconteçam. Posicionem-se. Não confundam imparcialidade com omissão. E finalmente, usem o que vocês têm de melhor para tentar melhorar a Instituição e o relacionamento entre os policiais.Vamos salvar a nossa profissão. Apesar de tudo, não se entreguem ao desestímulo. Vá a campo. Identifique seus pares. Convoque-os também a sair a campo. Quanto mais rápido melhor, pois talvez já não haja muito tempo. Não deixem que interesses próprios ou de grupos e irmandades prevaleçam, ou sequer sobrevivam na instituição. Varram para fora dela aquilo de ruim que infelizmente hoje, é abundante nela. Aqui não pode ter lugar para as vaidades, falsidades, mentiras, fofocas, frescuras, os ciúmes e principalmente o desrespeito profissional em todos os níveis.


Acredito que a grande maioria, há de se conscientizar acerca disto, pois lembrem-se: vocês fizeram um concurso, fizeram um juramento, tiram, parcial ou integralmente, o vosso sustento e o de vossas famílias daqui. Pois bem, reflitam sobre isto e continuem a terem orgulho de ser policiais, apesar de tudo. Reflitam e hajam. Devem acreditar que lá na frente, assim espero, a grata sensação de estar em dia com a consciência e de ter feito o melhor nos convidará a desfrutar dias melhores ou, pelo menos nos confortará por termos feito a nossa parte.


A POLÍCIA FEDERAL DE VERDADE SOMOS TODOS NÓS E TODAS AS NOSSAS ATITUDES.



Campo Grande/MS, Maio de 2004.


Lincoln Natel da Cruz-Agente de Polícia Federal/SR/DPF/MS.

ln-cruz@uol.com.br

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais