POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


Começa finalmente o governo Lula

15/04/2004

Começa finalmente o governo Lula A atriz Fernanda Montenegro disse, no início de abril: “O governo de Lula precisa começar”. Falou em tom de crítica, em meio a várias declarações de notáveis desapontados com Lula e à publicação de uma série de pesquisas de opinião (Sensus, MCI/Ibope, Datafolha) que mostram que já há, também, milhões de brasileiros descontentes.

De uma certa maneira, ao contrário do que pensa a nossa grande atriz, os brasileiros acham que o governo Lula efetivamente já começou e por isso pode ser julgado e avaliado. Mas, daqui para a frente, a partir de feitos e resultados.

Até o primeiro semestre de 2003, pesquisas como as do instituto Sensus diziam que a grande maioria dos brasileiros estava dando um prazo para que efetivamente o governo pudesse mostrar resultados compatíveis com as propostas feitas aos eleitores durante a campanha eleitoral. O prazo dado era então de cerca de dois anos.

As avaliações de desempenho vinham refletindo uma esperança de governo, contidas em prazo concedido, e se pautavam nas promessas feitas em 2002. Lula vem reiterando enfaticamente, em todas as oportunidades, que irá cumpri-las e que sequer terá o direito de errar.

A sua palavra e a sua figura serviram para sustentar expectativas, tanto assim que os indicadores de desempenho pessoal do presidente sempre se mantiveram significativamente acima das taxas de aprovação de seu governo. Foi assim desde o primeiro mês de sua gestão – Lula com 84% de aprovação, seu governo com 57% (Sensus). Em março de 2004, apesar de desgastado, o presidente era ainda aprovado por 60% dos brasileiros, e seu governo por apenas 35%. O desgaste ocorreu igual para ambos, mas Lula simbolizava, e possivelmente ainda simboliza, a esperança para a maioria.

O percurso do desgaste junto à opinião pública tem alguns momentos politicamente significativos, que devem afetar o papel de Lula e o desempenho do PT, tanto nas próximas eleições como na perspectiva de 2006. São marcos que também deixam em um segundo plano – ainda que estridentemente presentes – o desencanto provocado pelo episódio Waldomiro Diniz e a tão decantada quebra da imagem ética do PT. Indicam também que os argumentos relacionados à herança FHC perdem impacto.

Este marcos sinalizam que o eleitor, ainda que imbuído de esperança, tem olho para a gestão concreta de governo. Em dezembro de 2003 a avaliação média dos governos estaduais passa a superar a do governo Lula: aqueles com 46% de aprovação, este com 41%. Pela primeira vez, em toda a série de pesquisas, em março de 2004, a avaliação média das prefeituras passou a ser superior ao desempenho do governo federal (a pesquisa Sensus foi realizada em 195 municípios). Ou seja, na percepção dos brasileiros, tem gente fazendo mais e melhor do que o governo federal. Apesar das circunstâncias econômicas difíceis e das respectivas limitações orçamentárias.

As implicações disto, neste ano de eleições, podem ser marcantes. A aprovação do governo Lula, que, no conjunto da população, é de 35%, cai para 29% nas capitais e sobe para 41% nas pequenas cidades. A grande massa eleitoral, residente nos grandes centros – onde estão os problemas mais agudos do país – tende claramente a ser mais crítica.

O Ibope, em pesquisa realizada, também em março, com eleitores da cidade de São Paulo, descreve pontualmente este contexto: a aprovação da prefeita Marta Suplicy é de 23%, a do governo Lula é de 31%, ainda superior à da prefeita, mas distante da avaliação dada ao governador Alckmin, que é de 55%.

Apesar de os indicadores das várias pesquisas apontarem para um considerável desgaste de Lula e de seu governo, não se pode prever o rumo eleitoral de 2004. Sabemos, apenas, que o contexto tende a ser muito pior do que o esperado pelo PT. As atitudes dos eleitores podem mudar. Buscarão mais objetividade e poderão estar um pouco mais críticos em relação aos recursos de marketing servidos nos horários de propaganda eleitoral na televisão.

Quanto às expectativas da opinião pública, segundo a pesquisa MCI/Ibope (março de 2004), sabemos que 54% dos brasileiros continuam achando que o desemprego vai piorar nos próximos seis meses e que a principal tarefa de Lula é, justamente, promover crescimento econômico e o emprego. Em março de 2003, 43% tinham esse foco, hoje são 58% com essa visão.

São ações do governo nesta direção que os brasileiros passam a avaliar cada vez mais enfaticamente. Sem a moldura simbólica de discursos e imagens, é o rumo concreto das coisas que começa a prevalecer. E não é por acaso que, em março, mais brasileiros (46%) achavam que o Brasil estava no “caminho errado” e, pela primeira vez, superavam aqueles que viam o país “no caminho certo” (40%).

A balança mudou. O governo Lula, no espelho da opinião pública, acabou de começar. E neste espelho vai ter que aparecer, daqui para a frente, mais e mais, o reflexo de ações específicas e de resultados concretos da política econômica. Reside aqui a dificuldade de recuperação da imagem de Lula e suas repercussões em 2004 e 2006.

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