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PF realiza operações-padrão em todo país »

16/08/2012

PF realiza operações-padrão em todo país »

Insatisfeitos com mais uma negativa do governo em lhes conceder aumentos de salários e promover uma profunda reestruturação na carreira, os policiais federais mandaram um duro recado à presidente Dilma Rousseff: vão parar o país hoje por meio do que estão chamando de Operação Blackout. O aviso partiu do presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcos Wink, depois de quase duas horas de uma frustrante reunião com o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça. O sindicalista foi taxativo: "Será uma quinta-feira negra".

Os policiais acertaram a volta da operação padrão que, na semana passada, provocou transtornos em todo o país. A ordem é revistar uma por uma as bagagens de passageiros que embarcarem em voos internacionais nos principais aeroportos do país, vasculhar cada carro que cruzar os postos de fiscalização nas fronteiras brasileiras e fazer uma varredura em tudo o que passar pelos portos. Com isso, filas imensas devem se formar nos terminais aeroportuários e nos postos de fronteiras, incomodando, sobretudo, a classe média, que costuma fazer barulho ao ser confrontada com a má prestação de serviços públicos. Também ficará evidente o desconforto de empresários com a demora para o trânsito de mercadorias nos portos e o encalhe de navios.

 A manifestação dos policiais federais foi definida por meio de uma videoconferência no meio de tarde de ontem. Vão aderir aos protestos agentes, escrivães e papiloscopistas. Em princípio, os delegados devem continuar trabalhando normalmente. Mas eles também podem aderir à paralisação se o governo não sinalizar com nenhum reajuste. A expectativa é de que representantes dos delegados se encontrem hoje com técnicos do Ministério do Planejamento, para ouvir o que o Palácio do Planalto tem a oferecer.

Restrições

"Só quem se beneficia com a greve dos policiais federais são os corruptos, porque somos obrigados a paralisar as investigações. Na operação padrão, cada estado adotará o procedimento mais adequado para a sua operação, atuando em portos, aeroportos e postos de fronteira", disse Wink. Como relação à emissão de passaportes, ele avisou que esse é um problema menor, mas certamente haverá restrições no atendimento para aqueles que agendaram a retirada do documento.

Os negociadores da federação de policiais disseram que saíram decepcionados da reunião com o Planejamento, que marcou uma nova conversa para a noite da próxima terça-feira. O encontro, por sinal, contou com a participação de Marcelo Veiga, assessor especial do Ministério da Justiça, que não emitiu uma palavra sequer. Wink contou que esperava a apresentação de uma proposta para a reorganização da carreira. Mas ela não veio. "Não podemos aceitar uma oferta apenas financeira, com reajuste com índice linear para todos os servidores federais", assinalou.

Segundo o sindicalista, havia uma expectativa positiva de que o governo fizesse uma proposta em torno do que foi negociado nos últimos dois anos. "Eles acenaram com a possibilidade de estabelecer uma negociação de dois ou três anos para reorganizar nossa carreira, e nós aceitaríamos. Mas não apresentaram nada", afirmou Wink. Ele explicou que agentes, escrivães e papiloscopistas têm como prioridade o reconhecimento legal de suas atribuições, fixadas por meio de portarias e não por lei. "Quando se cria uma carreira, na mesma lei deve se estabelecer suas atribuições. Prestamos concurso, no qual foi exigido o nível superior, mas nossas carreiras são tratadas como sendo de nível médio."

 Mas não é só. "Os policiais querem receber o mesmo que servidores de carreiras típicas de Estado, a exemplo dos delegados da PF. Eles têm os maiores salários do serviço público federal", afirmou Wink. Entre 2002 e 2010, os agentes, escrivães e papiloscopistas receberam aumento de 37%, ante 400% concedidos aos fiscais da Receita Federal. Segundo Wink, os proventos dos policiais variam de R$ 7 mil a R$ 11 mil, enquanto as demais categorias ganham de R$ 13 mil a R$ 20 mil.

 

 

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais