Greve prejudica apuração do caso Waldomiro
A investigação sobre o ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz será prejudicada pelo início hoje da greve da Polícia Federal.
A paralisação tem a adesão de agentes, papiloscopistas (especialistas em impressões digitais) e escrivães. Os delegados e peritos não deverão participar. No Rio, grevistas fazem hoje um ato com o enterro simbólico do ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).
Na PF do Rio, Waldomiro, que foi demitido do governo após a divulgação de uma fita de vídeo de 2002 em que aparece cobrando propina de um empresário de jogos, é alvo de três investigações.
A primeira é um conjunto de 19 inquéritos presididos pelo delegado Hebert Mesquita sobre irregularidades em bingos quando Waldomiro presidia a Loterj (Loteria do Estado do Rio de Janeiro). Num desses inquéritos, ele já foi indiciado por prevaricação (por falhas na fiscalização dos bingos) e é investigado por corrupção.
A segunda é o inquérito que apura, com base nas imagens da fita de vídeo, corrupção ativa e passiva. Esse inquérito é presidido pelo delegado Cesar Nunes.
A terceira é um novo inquérito, aberto a pedido do Ministério Público e que também será presidido por Mesquita, para apurar a participação de Waldomiro em lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas. Nessa investigação, foram feitas buscas na casa do ex-assessor e em estabelecimentos de empresários do jogo.
"Lamentamos que essas investigações sejam prejudicadas, mas o governo deve olhar para as nossas reivindicações", afirma o presidente do Sindicato dos Servidores da PF no Rio, Fábio Domingos.
A reivindicação é de reajuste de 85%. Os delegados são contra o movimento. Só 30% das funções serão mantidas, basicamente as emergências, plantões e custódia de presos. A emissão de passaportes e a segurança de autoridades e diplomatas podem ser suspensas.
A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) quer o pagamento de salário equivalente a escolaridade de nível superior para as categorias em greve com base na lei 9.266, que tornou obrigatório o terceiro grau para ingressar na PF. Assim, um agente e um delegado ganhariam o mesmo.
O governo rebate argumentando que não há base jurídica para o pleito, uma vez que a lei, ao mesmo tempo que impõe a obrigatoriedade de um curso superior, estabelece uma tabela específica para os vencimentos. "Por princípio, é impossível igualar tais níveis hierárquicos [agentes e delegados]", diz nota divulgada ontem pelo Ministério da Justiça.
O vice-presidente da Fenapef, João Valderi de Souza, discorda: "Se exige [nível superior], por analogia reconhece o salário".
Na nota, o Ministério da Justiça diz que os agentes, peritos e escrivães teriam o salário elevado de R$ 4.199 para R$ 7.788, equiparando-se aos delegados. Um impacto de cerca de R$ 600 milhões anuais na folha da União.
O presidente da Fenapef, Francisco Garisto, diz que os agentes nunca vão ganhar o mesmo que os seus superiores, devido à diferença de comissão. Os delegados ganham 30% por Indenização de Habilitação da Policial Federal. Já o restante recebe apenas 10%.
Com a greve, também podem ficar prejudicadas as investigações sobre a morte de três fiscais do Ministério do Trabalho ocorrida em janeiro, em Unaí (MG).
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