POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


Policiais se queixam de uso político

02/03/2004

Policiais se queixam de uso político Com a convicção de que a Polícia Federal (PF) tem sido usada politicamente pelo governo para responder ao escândalo Waldomiro Diniz, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) marcou para dia 9, próxima terça-feira, o início da greve da categoria.

Crítico ao conjunto de medidas adotadas pelo governo em relação ao caso, o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da PF do Rio de Janeiro, Cláudio Alencar, salienta que as promessas feitas em dezembro aos policiais - salário compatível com a atividade e a formação profissional, entre outras - não foram cumpridas até hoje.

- E agora usa a Polícia Federal como marketing - critica, referindo-se ao fato de o governo ter usado a investigação da PF de possíveis atos de corrupção no Planalto como forma de se esquivar da polêmica.

Está marcada para hoje a quarta reunião de uma comissão interministerial criada no ano passado para analisar as reivindicações dos servidores da PF. Em dezembro, uma parte dos funcionários entrou em greve. Segundo Alencar, a categoria só suspendeu a medida por causa das promessas do governo federal de que a comissão solucionaria o impasse.

O vice-presidente do sindicato é categórico ao afirmar que o atual sistema em que a PF trabalha é ‘‘inoperante‘‘. Alega ser necessário dar condições estrutural e salarial para a eficiência da PF.

- Não é reajuste salarial que queremos. É o salário correspondente a nível superior (NS), exigido para concurso - diz, explicando uma das queixas.

Segundo o sindicato, baixa remuneração desmotiva e não atrai os melhores profissionais.

Na reunião interministerial de hoje, só uma proposta do governo que reconheça as reivindicações da federação poderá reverter a decisão de greve.

Além dos baixos salários, entre as queixas dos servidores estão as dívidas da PF, como contas de luz e telefone, só parcialmente pagas.

Segundo o site da Fenapef, o presidente da federação, Francisco Carlos Garisto, não pretende ceder: ‘‘Sem a implantação do NS e o pagamento das gratificações de risco e de compensação orgânica para os servidores administrativos, é greve a partir de 9 de março.‘‘

Logo que veio à tona a denúncia de corrupção por parte de Waldomiro Diniz quando estava à frente da Loterj, em 2002, a PF foi encarregada pelo governo federal de investigar a atuação de Waldomiro como subchefe de assuntos parlamentares da Presidência da República em 2003.

Com a greve, o inquérito poderia ser prejudicado. A federação dos policiais assegura que, durante a paralisação, nenhuma das operações continuará em andamento, ‘‘nem mesmo as especiais‘‘. Cláudio Alencar, no entanto, prevê resistência de parte dos delegados federais, responsáveis por comandar as investigações.

O inquérito do caso Waldomiro e a Medida Provisória editada no dia 20 de fevereiro pelo presidente Lula para proibir bingos e caça-níqueis foram anunciados pelo governo como ‘‘todas as medidas cabíveis‘‘ para responder às denúncias contra o ex-funcionário do Palácio do Planalto.

Além de criticar o uso político da PF, o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal do Rio lembra que uma brecha na redação da MP deixou a instituição em situação constrangedora. Redigido às pressas, o texto não mencionou importantes áreas de atuação de um dos protagonistas do escândalo, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, que aparece em vídeo de 2002 negociando propina com Waldomiro. Loterias e sorteios do tipo raspadinha ficaram fora da proibição. Cachoeira chegou a ironizar a MP, dizendo que não sairia prejudicado.

Daniela Dariano

Fonte: Agência JB

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais