A POLÍCIA FEDERAL NÃO TEM DONO »
Ao completar 68 anos de existência, a Polícia Federal brasileira está dividida. Na última década, a PF vem sofrendo com a gestão incompetente de sucessivas administrações, desde o delegado Paulo Lacerda, que assumiu o comando do órgão em 2003, passando pelo delegado Luiz Fernando Corrêa, até ao seu atual diretor-geral, o também delegado Leandro Daiello Coimbra.
Não há como negar a credibilidade e o reconhecimento que a Polícia Federal conquistou, pela dedicação e comprometimento da maioria de seus servidores, que coloca os interesses do País, e não as demandas corporativistas, em primeiro lugar. Apesar da imagem pública positiva, os gestores da Polícia Federal têm optado por um caminho administrativo que pode leva-la ao esgotamento e à desmoralização como instituição republicana.
No plano de sua atuação, a PF sofre ao perder - gradativamente – atribuições constitucionais exclusivas e estratégias para a segurança pública. O controle de fluxo de passageiros nos aeroportos hoje está praticamente nas mãos de funcionários terceirizados, o que torna vulnerável a segurança do país e dos cidadãos brasileiros.
Nas fronteiras, em vez de políticas de investimentos em infraestrutura, equipamentos e valorização dos policiais federais, assistimos a canalização de recursos para a Força Nacional de Segurança Pública, formada por policiais militares de vários estados, que além de desfalcar o efetivo nos seus locais de origem, atuam em situações para as quais não foram treinados. Os milhões de reais gastos com pagamento de diárias e equipamentos para a Força Nacional, uma solução provisória e de discutível eficácia, poderiam estar reforçando o combalido orçamento da Polícia Federal.
Por falar em Orçamento, 2012 será um ano de cortes orçamentários impostos aos policiais. Na última década, a PF sentiu na carne esses cortes como ferramentas de engessamento de investigações, ações preventivas e operações policias. Em algumas unidades, o aniversário da PF será “comemorado” com a falta de recurso até para combustível e manutenção de viaturas. Estaria em curso, mais uma vez, a mesma estratégia utilizada em épocas não muito distantes?
No aspecto da remuneração, agentes, escrivães e papiloscopistas têm, hoje, o pior salário entre as carreiras típicas de Estado. São seis anos de defasagem salarial, sem qualquer reajuste, e o governo federal vem protelando a negociações em torno da reestruturação da carreira e dos vencimentos. Os servidores administrativos, do plano especial de cargos da Polícia Federal, também sofrem com a falta de reconhecimento e valorização e centenas já deixaram o órgão, em busca de melhores condições.
Internamente, a PF sofre pela incompetência e falta de capacitação de seus administradores. Aquartelados entre seus pares, os delegados que dirigiram o órgão nos últimos anos concentraram poder na mão de poucos, sufocando a gestão participativa e a valorização funcional pelo mérito e pela competência. A cultura de privilégios e a falta de critérios na nomeação de chefias, na política de remoções, ações de capacitação e pagamento de diárias, para citar apenas alguns exemplos, desmotivam e revoltam grande parte do quadro de servidores.
Diante de tal quadro, os policiais federais manifestam sua indignação no dia do aniversário de sua instituição. Não queremos uma Polícia Federal de agentes, escrivães, papiloscopistas, administrativos, delegados ou de peritos. Queremos uma POLÍCIA FEDERAL DO BRASIL.
Para tanto, é preciso reestruturar a própria casa, investindo nos servidores como um todo, valorizando as funções administrativas da instituição e estabelecendo a meritocracia e profissionalismo como critérios de gestão.
Federação Nacional dos Policiais Federais
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