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Gatilho e situações funcionais »

09/03/2012

Gatilho e situações funcionais »

Você sabia que uma doença psicoemocional pode existir antes mesmo de a pessoa fazer parte de um local de trabalho? Na verdade, o problema está lá adormecido e só não se manifestou pela falta de algo como gatilho.

O termo “gatilho” foi empregado pelo médico psiquiatra do DPF/SP, Roberto Tonanni de Campos Mello, ao falar sobre as doenças psicoemocionais.  Ele explica que um servidor pode ter uma doença emocional antes mesmo de ingressar na PF. “Eventualmente esse quadro não surge durante o processo de academia e seleção, mas, de repente, submetido ao trabalho policial, que por si é estressante, o problema se manifesta. A manifestação revela um quadro neurótico ou até psicótico que pode apresentar sintomas delirantes, alucinatórios com dificuldade para conseguir dormir”.

O psiquiatra pondera que há casos menos graves, chamados de funcionais, em que as dificuldades de relações cotidianas são toleráveis, e também existem situações extremas em que a pessoa não se adapta ao local de trabalho. “Isso pode trazer desde uma dificuldade de adaptação ao serviço, determinando várias mudanças de setores na tentativa de resolver essa dificuldade”

 Como percebemos a doença?  “De um modo geral a pessoa tem uma grande dificuldade de reconhecer como uma questão sua e tem na verdade, a colocar sempre pra fora. O problema vem de fora, vem dos outros e fica tentando mudar o externo. Enquanto tenta mudar o externo, vai fazer um grande turismo, vai conhecer muita coisa, e pode algumas vezes agravar sua dificuldade”, explicou Tonani.

Quem convive diretamente com o outro é que perceberá qualquer alteração na forma de se resolver um problema, de convivência e até de linguagem.   “É uma mudança de comportamento habitual percebida pelas pessoas que mais convivem”, explica o médico psiquiatra Marco Alexandre Ribeiro que atua no DPF/SP desde 2006. Geralmente surge uma preocupação com o colega. “E a pessoa sente necessidade de orientação do que fazer”, esclarece.

“Teve uma época em que eu achava a depressão uma frescura. Tudo falta de conhecimento meu, foi ignorância pura. Hoje vi que é uma coisa invisível. A pessoa está com depressão e não domina aquilo. Precisa de ajuda e às vezes tu não conta com isso”, disse um papiloscopista para a pesquisadora Fabiana Regina Ely da Universidade de Santa Catarina.

Sobre situações funcionais, Tonanni explica: “Todos apresentamos certo grau de ansiedade que está dentro do saudável, que mobiliza e permite que enfrentemos os problemas inerentes à própria vida. Entretanto, quando esta ansiedade se torna excessiva, pode gerar uma paralisia, uma incapacidade total de enfrentar mesmo as atividades mais simples. É quando temos o transtorno do pânico”.

E no RH...

Conversamos com o servidor Sérgio Roberto Alves, conhecido no DPF/SP como Sérgio Bakana. Ele ingressou no cargo de Agente de Polícia Federal em agosto de 1984 e desenvolveu suas atribuições em diversas áreas, sendo as principais a DELEMIG e o SELOG. Atualmente é chefe de Recursos Humanos da Superintendência Regional de São Paulo. Como todo mundo, Sérgio passa por situações de cobranças por parte de outros colegas e também de sua chefia. Como lidar com isso?

“O ser humano necessita do estresse moderno diário como fonte de controle e autoconhecimento. Preocupação, raiva, frustração, decepção e medo são palavras com as quais os servidores convivem diariamente. Assim, entendo que o estresse é natural, razão pela qual quando sinto algo de errado procuro tomar decisões compartilhadas com a minha equipe, buscando atingir uma decisão igualitária diante do fato gerador do estresse obtendo alívio para a situação, aplicando assim o bom sendo dentro da legalidade”, argumenta Bakana.

Para quem não conhece ainda, o SRH é um setor responsável pelos servidores da Polícia Federal da posse até a aposentadoria, cuidando também dos pensionistas. São 28 servidores que cuidam de aproximadamente 1600 ativos, 480 aposentados e 200 pensionistas. Como se vê, um local onde também existe sobrecarga de trabalho e cobrança de todos os lados.

 “O Setor de Recursos Humanos auxilia os servidores por meio eletrônico (email), por meio telefônico ou atendimento pessoal, sendo certo afirmar que tais atendimentos e consultas ultrapassam as centenas. Os atendimentos referem-se à homologação de junta médica, informação de interesse pessoal dos servidores nas diversas áreas, bem como informações aos diversos órgãos na área de segurança no tocante aos nossos servidores (ativos, aposentados e pensionistas). É claro que quando o servidor tem problemas pessoais prefere não trazer para sua área profissional e a maioria deles, policiais ou não, acham que não têm problemas tais como estresse, doenças ocupacionais (LER) e outros. Quando o caso chega efetivamente ao RH, já é uma situação delicada, pois tais servidores terão um tratamento curativo”, explicou Sérgio Bakana.

 

 

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais