PF deve R$ 30 milhões
08/10/2003
Sede da Polícia Federal em Brasília: apelo por verba suplementar (Lindauro Gomes 3.5.01)
Falta dinheiro para pagar passagens, hospedagem, diárias, abastecer os carros. Até mesmo para comprar a comida dos detidos na carceragem. Não bastassem os cofres vazios, a Polícia Federal deve R$ 3,85 milhões em diárias, R$ 1,95 milhão em combustível e R$ 1,5 milhão em passagens aéreas. A dívida total da corporação, vinculada ao Ministério da Justiça, é de R$ 29,8 milhões. O maior de todos os calotes soma R$ 23 milhões — os credores são empresas prestadoras de serviços. Hoje, o ministro Márcio Thomaz Bastos receberá das mãos do diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, um relatório completo sobre a penúria na instituição.
A solução para boa parte desses problemas está na gaveta do ministro do Planejamento, Guido Mantega. Prevendo que os R$ 135 milhões reservados para 2003 seriam insuficientes para fechar o ano, a direção da PF encaminhou em abril pedido de verba suplementar ao Ministério da Justiça. Em agosto, o apelo para o recebimento de mais R$ 115 milhões foi reiterado.
Segundo a assessoria de Thomaz Bastos, o pedido de crédito foi encaminhado para Mantega, mas ainda não houve atendimento. Para complicar a situação, o prazo final para pedido de verba extra se esgota no dia 15 deste mês. Caso não seja encaminhado ao Congresso, onde precisa ser aprovado, a PF só terá dinheiro novamente no ano que vem.
Demissões
Uma dos episódios mais recentes desse imbróglio ocorreu ontem. A empresa de informática Bert, que presta serviço para a superintendência da PF em Brasília pôs 279 servidores de aviso prévio. O motivo é que está sem ver um centavo da PF desde julho. Em São Paulo, o número de demitidos foi ainda maior. A empresa de informática Datacit interrompeu as atividades de 400 funcionários em todo o estado. A empresa também não recebe dinheiro do governo federal há três meses. As demissões atingem em cheio a emissão de passaportes, porque boa parte desses servidores são digitadores.
A direção da corporação está preparada para problemas ainda mais graves. Na segunda-feira, a Embratel informou que se a PF não quitar as dívidas terá de cortar o link usado pelos policiais federais. Sem esse serviço, ficam cortadas as comunicações da instituição com portos, aeroportos e fronteiras.
O relatório que será entregue ao ministro da Justiça mostra que a crise não se limita a São Paulo e Brasília. Todos os estados sofrem com a falta de recursos. No Rio Grande Norte, a superintendência da PF corre até mesmo o risco de despejo. No Mato Grosso, os carros quase não rodam por falta de combustíveis. E, em Salvador, a empresa de vigilância pode abandonar as dependências do prédio onde fica a PF a qualquer momento devido a uma dúvida de R$ 430 mil.
Principais dívidas
R$ 23 milhões em prestação de serviços, como conta de telefone, comida para presos e suporte técnico de informática
R$ 3,8 milhões em diárias. Muitas vezes, os policiais pagam despesas de viagem a serviço com dinheiro do próprio bolso
R$ 1,9 milhões em combustíveis, com dívidas em todo o país. A situação mais crítica é em Mato Grosso
R$ 1,5 milhões em passagens aéreas. Em Goiás, Maranhão e Espírito Santo, a compra de passagens está suspensa
Correio Braziliense e CorreioWeb
Crise na Polícia Federal: dívida chega a R$ 30 milhões
SÃO PAULO - Uma crise financeira afeta os trabalhos na Polícia Federal, que deve quase R$ 30 milhões para os fornecedores. Falta dinheiro para diárias, passagens, combustíveis, telefones, alimentação de presos, água, luz e telefone.
Em São Paulo, 405 trabalhadores administrativos terceirizados deixaram de trabalhar porque não recebem os salários há três meses. A dívida já soma R$ 1,2 milhão.
Com isso, os policiais são obrigados agora a deixar de lado as investigações na rua. Em todo o estado, cerca de 300 dos mil policiais federais estão tendo de voltar as suas atividades para os serviços burocráticos.
No aeroporto internacional, em Cumbica, desde segunda-feira os estrangeiros que entram e saem do país não estão sendo cadastrados nos computadores da polícia. Segundo policiais, que não quiseram se identificar, falta até papel para tomar depoimentos em algumas delegacias.
Serviços como emissão de passaporte, registro de armas, registro de migração, fiscalização de empresas de segurança estão sendo afetados pela falta de funcionários.
No Rio Grande do Norte, a polícia está ameaçada de despejo. O dono do prédio onde funciona a polícia em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, já entrou na Justiça. Ele também quer despejar os inquilinos.
O Ministério da Justiça repassou nesta terça-feira R$ 408 mil para o pagamento de parte dos salários atrasados. Até o final da semana, o ministro do Planejamento, Guido Mantega, decide se libera R$ 115 milhões para custear as despesas da Polícia Federal.
Fonte: © Todos os direitos reservados a O Globo e Agência O Globo.
Últimas Notícias
O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais