POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


Hierarquia e disciplina

03/10/2003

Hierarquia e disciplina Renato Rita Caon*

Desculpem a pirataria de títulos, ainda mais quando escritos por pessoas de alto nível como o que consta no Editorial da revista IMPACTO, que por justiça hei de elogiar a qualidade do material gráfico.

No entanto, nem tudo que é feito com tecnologia se traduz sempre em perfeição, às vezes é inverso. Então, na página 04 está o referido editorial e assumo o plágio do título, mas de resto não me atreveria a roubar mais nada. Vale dizer que dentro da própria Polícia federal os serviços de rua e as perseguições de autoridades, me ensinaram sobre o bom senso. Por isso temos que ter muito cuidado com as palavras já que neste editorial diz que o DG tem sido atacado freqüentemente, blá, blá, blá e, finalmente, blá.

Mas a pergunta é: seria mesmo ele vítima de ataques, quando me parece autor na tentativa de locupletar até fora dos parâmetros da ética, da moral e do Direito uma classe minoritária, mas não menos capaz, em detrimento de outra, frontalmente?

Há quem acredite que nas palavras estão as respostas para tudo, os elogios, o respeito, as ofensas e outras coisas que eu entendo bem mais relevantes nos atos. Atos como o próprio DG vem fazendo contra qualquer classe que não seja a sua.

E vou ser mais grosso ainda para que como Gaúcho, me faça entender. Aquele que manda à merda, ofende mais que aquele que desfere uma pedrada?

Tranqüilamente que todos, até mesmo esse arquiteto da antiguidade que escreveu o editorial sabe a resposta. Minha forma deselegante responde à altura as impolidas, prepotentes e despreparadas alfinetadas que depõem contra o próprio vernáculo que deveria ser utilizado pelos Deuses educados da Polícia Federal que dão término ao artigo magnífico, onde chama de mortadela uma classe e de faca a outra.

Claro, ficou bem entendido a inversão que impropriamente se refere, mas devemos ter cuidado que ao escrever podemos dar azo a diferentes interpretações e isso é no mínimo temerário. Se for para matar a fome de justiça do povo brasileiro, sou parte desta mortadela com orgulho, mas se for símbolo daquilo que é feito com a ratatúlia das sobras de carne, deixo para os outros.

E a faca? Essa só teve importância quando foi segurada para apunhalar outras classes pelas costas, há pouco tempo. Enfim, só para terminar, gostei da comparação que para mim reflete o pensamento do arquiteto do editorial quando ele diz "Entretanto, até mesmo em países socialistas, onde as diferenças sociais são menores as autoridades públicas são respeitadas por todos". Primeiro, que nos "países socialistas", não existe o respeito, mas o medo proposto pelo Regime; e, segundo, porque estamos em uma democracia - no Brasil, não na PF - mesmo que somente na literatura. Ainda assim é o nosso regime de governo e inicialmente foi elogiado pelo nobre colunista.

Portanto a liberdade sindical que existe para proteger sua classe, contra forasteiros, os cara-pálidas - aqueles que estão fora da tribo - que estão em uma carreira apartada, nas vantagens individualistas, mas nas reportagens sobre apreensões de drogas, contrabandos e prevenção e repreensão de outros crimes, parece até que trabalham em parcimônia com os verdadeiros atuantes. Estão alguns até colocados na citada revista, interagem muito bem com a Polícia Federal.

Falando nisso, na página 56, na melhor das intenções e também por desconhecimento, o cantor Daniel elogia uma classe por correr risco enorme. Só se for por algum parafuso solto na cadeira.

É lamentável que o artigo comece tão bem, dando ao leitor a visão de um País que consolida o Estado Democrático e Social e termine com aspectos que só cabem em Estados Autoritários.

Bem, se assim não fosse, não estaria na revista que está.

*Renato Rita Caon é advogado e APF aposentado
e-mail: recaon@v-expressa.com.br

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais