POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


Thomaz Bastos é confirmado no MJ

16/12/2002

Thomaz Bastos é confirmado no MJ Denise Rothenburg e Adriano Ceolin - Da equipe do Correio

O jurista Márcio Thomaz Bastos e o cantor Gilberto Gil serão os ministros do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Falta só o pronunciamento oficial do presidente eleito. Thomaz Bastos não foi anunciado ministro na sexta-feira, porque não chegou a tempo de participar da cerimônia em que Lula apresentou Roberto Rodrigues para a Agricultura, Celso Amorim para as Relações Exteriores e Luiz Fernando Furlan para o Desenvolvimento. Ontem, Thomaz Bastos esteve no almoço para comemorar a diplomação. Gil teve um encontro reservado com o presidente eleito na Granja do Torto.

Dentro do PT, Thomaz já é tratado como ministro da Justiça. Ao ponto do futuro colega de Ministério, José Dirceu, chefe da Casa Civil, dizer que ele decidirá se a Secretaria de Estado de Segurança Pública será vinculada à Presidência da República. ‘‘Ele vai discutir isso com o presidente eleito’’, disse apontando para o jurista.

Thomaz Bastos já definiu mais da metade dos cargos de confiança que terá no Ministério. Mas a Secretaria de Segurança ainda não foi fechada. Entre os cotados, está Luiz Eduardo Soares, que coordenou o programa de segurança do PT. Soares já trabalha na equipe de transição. Mas sua indicação esbarra nas diferenças que ele e o futuro ministro têm a respeito da Secretaria.

Soares defendeu durante toda a campanha — e chegou a convencer Lula — que a secretaria ficasse ligada à Presidência da República. Com isso, a Polícia Federal ficaria sob a tutela do presidente. Bastos já descartou essa idéia há três semanas depois de um encontro reservado com Lula num hotel em Brasília. Quando foi convidado a participar do governo, há três semanas, declarou que essa secretaria, ligada diretamente à Presidência, poderia expor o presidente da República a desgastes e à mira do crime organizado.

Ao mesmo tempo em que confirmou a indicação de Bastos para a Justiça, Dirceu referiu-se ainda aos convites feitos ao economista Carlos Lessa para compor a equipe e, ainda, ao cantor Gilberto Gil, nome considerado certo para o Ministério da Cultura. Decidida a Cultura e Lessa, cotado para o Planejamento, faltam poucos cargos a preencher.

A pasta dos Transportes também é tida como área fora das negociações com os partidos. Mas o interesse do PT em atrair o PMDB pode levar o partido a abrir mão de outro setor considerado certo para indicação de um petista: o Ministério da Saúde. Para o cargo, os peemedebistas já tem um nome. O do deputado eleito José Aristodemo Pinotti (PMDB-SP), ligado ao ex-governador paulista Orestes Quércia. Entre os petistas, o nome mais cotado, no entanto, não é o do ex-deputado Eduardo Jorge (PT-SP). Isso por conta do excesso de paulistas no governo. Nos últimos dias, o partido começou a se fechar em torno da indicação do secretário licenciado de Saúde da prefeitura do Recife, Humberto Costa (PT-PE), que já integra a equipe de transição.

Mas os petistas dizem que talvez precisem ‘‘cortar na carne’’ para contemplar o PMDB, uma vez que o partido ainda defende a participação dos peemedebistas no governo. Se o PMDB aceitar integrar a equipe de Lula, vencendo a guerra interna, o partido poderá inclusive ficar com o Ministério das Minas e Energia, para tristeza do PT que já tem até nome para o cargo — o prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento.

Perfil - Defensor das causas petistas


Márcio Thomaz Bastos (foto: Sergio Amaral)
Formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) em 1958, o jurista Márcio Thomaz Bastos (foto) é natural da cidade Cruzeiro, no interior paulista. Seu vínculo com o PT é antigo. Ajudou o partido na sua fundação e também atuou em casos na Justiça envolvendo seus representantes. Thomaz Bastos destacou-se, sobretudo, como advogado de acusação no júri dos assassinos do seringueiro Chico Mendes, morto a tiros no Acre em 1988.

A ligação com os petistas não impediu que ele atuasse como advogado de defesa de outros políticos. Entre eles, o senador eleito Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), histórico adversário do PT. Na sua carteira de clientes, estão também o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, e o líder do Movimento do Sem Terra, José Rainha Júnior. Ao todo, já atuou em 700 julgamentos.

De personalidade forte, Thomaz Bastos também tem posicionamentos polêmicos. Numa entrevista publicada no Jornal do Advogado, em agosto deste ano, ele defendeu a descriminalização do uso de entorpecentes. Na sua visão, a impossibilidade do uso da droga provoca o tráfico. ‘‘Funciona como na época da Lei Seca’’, disse à publicação voltada para advogados. Contudo, ele defende o endurecimento do combate à droga.

Apesar de nunca ter tido cargo público, Thomaz Bastos já foi presidente da Seccional Paulista da Ordem dos Advogados e também do Conselho Federal do órgão. Além de amizade com Lula, o jurista é muito amigo de José Dirceu, futuro ministro da Casa Civil, e do deputado eleito Sigmaringa Seixas (PT DF), um dos grande amigos de Lula em Brasília e que também tem atuado nos bastidores na composição da equipe de governo.

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