POLÍCIA FEDERAL
ORGULHO NACIONAL


Polícia Federal prende tabeliã substituta de Jangada

09/08/2003

Polícia Federal prende tabeliã substituta de Jangada 08/08/2003


Ofício enviado pela tabeliã Rosana Maria de Almeida à superintendência da Polícia Federal de Campo Grande: informação não é verdadeira
A prisão de um homem na terça-feira pela Polícia Federal (PF) de Campo Grande (MS), com uma certidão de nascimento falsa em nome de Hélio Antônio Sarkis, levou à prisão da tabeliã substituta de Jangada, Rosana Maria de Almeida, em cujo cartório foi emitida a certidão. Rosana, presa em flagrante no final da tarde de quarta-feira, foi conduzida na madrugada de ontem ao presídio feminino de Pascoal Ramos.

Rosana, que responde pelo 2° Serviço Notarial Registral Almeida, cujo tabelião titular é seu pai, Hélio Almeida, que se encontra afastado do cartório, é acusada de ter enviado à PF de Campo Grande um ofício confirmando que a certidão era verdadeira. A polícia desconfiou que alguma coisa estava errada quando no dia 31 de julho o homem que usava o nome de Hélio Antônio Sarkis foi à Superintendência da PF em Campo Grande solicitar um passaporte. Mal sabendo falar português, ele apresentou uma certidão de nascimento emitida pelo cartório de Jangada.

Desconfiada, a PF ligou para a tabeliã substituta, que informou não existir nenhum registro em nome de Sarkis. Ao comparecer à PF no dia 5, para apanhar o passaporte, o homem foi preso em flagrante por uso de documento falso. Enquanto isso, a Superintendência da PF/MS emitiu ofício ao cartório pedindo que se confirmasse a inexistência ou falsidade do registro. Ao entrar novamente em contato com a tabeliã substituta, um agente da PF ouviu, com surpresa, outra informação: a de que a certidão era verdadeira.

Rosana alegou que a informação anterior fora diferente porque não foi feita uma pesquisa mais abrangente. Embora a PF tenha pedido uma cópia do documento por fax, não houve nenhuma resposta da tabeliã. A PF então pediu o auxílio da Polícia Civil de Jangada que enviou, juntamente com um relatório, o ofício onde a tabeliã atestou a veracidade da certidão de nascimento de Sarkis e informou ainda que a certidão fora registrada no livro 02, termo 678, página 289.

Só que o delegado regional da PF de Campo Grande não acreditou e pediu o apoio da Superintendência da PF de Cuiabá. Um agente foi então até ao cartório de Jangada no final da tarde de quarta-feira. Ao examinar o livro 02, com termo de abertura de 1953, o agente descobriu que o livro continha somente 200 folhas e que o termo n° 678, localizado na página 172, referia-se na verdade ao registro de Joana Brasilina da Silva nascida em 19.11.35 (a data teve os números rasurados) tendo o registro sido feito em 24.04.1954.

Rosana disse à polícia que foi o seu irmão, o escrivão Jocimar Almeida, o autor da falsa certidão e admitiu que foi ela a responsável pelo falso registro de Sarkis. Em sua defesa, alegou que recebeu a visita de um homem e de duas mulheres e que uma delas, que afirmou ser noiva de Sarkis, “implorou” para que confirmasse à PF a veracidade da certidão. Sentindo-se ameaçada, ela não teria procurado a polícia para denunciar a pressão.

No depoimento que prestou a polícia, Rosana disse ainda que a mulher – que desconhece o nome – a “obrigou” a ceder o computador do cartório para digitar o ofício 001/2003 encaminhado à PF. “O conteúdo do documento é da autoria da mulher. Eu apenas assinei”, disse Rosana ao delegado Renato Sayão. A mulher também teria dito que quem falsificou a certidão foi o irmão de Rosana, Jocimar.

Fonte: Diário de Cuiabá

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