VERGONHA: PF age contra grevistas no INSS e arrasta Heloísa Helena
02/08/2003
FOTO: Senadora Heloísa Helena grita com policial federal durante ação de desocupação da sede do INSS e é arrastada para fora do prédio. (Fotos: Bruno Stuckert/Folha Imagem e Rafael Neddermeyer/AE)
Um grupo especializado da Polícia Federal retirou à força, com o uso de bombas de efeito moral, os servidores que invadiram ontem a sede do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), em Brasília. Quinze pessoas ficaram feridas e foram atendidas no Hospital de Base. A senadora Heloísa Helena (PT-AL), que estava com os manifestantes, enfrentou os policiais e foi arrastada para fora.
Heloísa Helena disse que foi agredida e arrastada pelos policiais. Ela chegou a ser levada para uma clínica particular onde foi medicada. Ninguém foi preso.
Dois delegados e um grupo com 15 a 20 agentes do COT (Comando de Operações Táticas) da PF chegaram ao prédio por volta das 18h30 para retirar os 18 grevistas que ainda estavam no interior do prédio. O COT é o grupo de elite da PF. Seu comandante, Daniel Sampaio, é homem de confiança do diretor-geral do órgão, Paulo Lacerda. O delegado é o responsável pelas transferências do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e foi ele quem retirou os sem-terra que invadiram a fazenda dos filhos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em Buritis (MG).
Segundo a Folha apurou, o ministro José Dirceu (Casa Civil) ligou para Lacerda ontem por volta de 12h30 para pedir empenho no caso. Ao chegar à sede do INSS, Sampaio teria dito aos manifestantes que não podia "fazer nada" porque "são ordens do Planalto".
Os policiais lançaram duas bombas de gás na entrada da garagem para dispersar os servidores que aguardavam o retorno de Taiti Inenami, presidente do INSS. Ele havia deixado o prédio uma hora e meia antes dizendo aos servidores que iria falar com Dirceu (encontro não confirmado pela assessoria do ministro).
Segundo a assessoria de imprensa da PF em Brasília, "não houve excessos" na ação dos policiais. A assessoria informou que o COT foi acionado para "garantir a posse do patrimônio público", que estava ameaçada com a presença dos grevistas no prédio.
A senadora Heloísa Helena estava com o grupo que iria conversar com o presidente do INSS. Eles aguardavam o presidente na entrada do gabinete de Inenami, mas teriam descido até a garagem, porque o presidente estava para chegar. Foi nesse momento em que ocorreu o confronto.
A senadora agarrou-se à servidora Janira Rocha e foi retirada à força do prédio do INSS pelos agentes do COT. Dois fotógrafos também teriam sido atingidos. A senadora foi medicada na clínica e chegou em sua casa reclamando de crise de asma, por causa do gás, e dor no corpo. Helena afirmou que foi arrastada por policiais.
Invasão
Os servidores chegaram à sede do INSS por volta de 7h30. O grupo era formado por 300 pessoas, segundo os organizadores, e 60, segundo a PM. Eles pediam uma audiência com Inenami, mas não foram recebidos.
Os tumultos começaram quando um grupo impediu a saída do presidente do INSS da sede do órgão e a entrada de funcionários. A PM de Brasília respondeu ao ato com empurrões e agressões. Ao ser impedido de sair ao meio-dia, Inenami elevou o tom contra os grevistas. "Agora vamos jogar duro. A ordem da Casa Civil é não negociar". Uma comissão de 18 grevistas passou cerca de sete horas no interior do prédio. A atitude foi classificada como "ocupação" pelo Ministério da Previdência em nota. Os grevistas dizem ter sido convidados a entrar.
IURI DANTAS.Colaborou FERNANDA KRAKOVICS
Fonte: Folha de S Paulo
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