POLÍCIA FEDERAL
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Fazendeiros vão resistir, avalia PF

03/04/2008

Fazendeiros vão resistir, avalia PF A Polícia Federal espera uma reação violenta dos plantadores de arroz durante a Operação Upatakon, que será desencadeada nos próximos dias para retirar os agricultores da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. A inteligência da PF trabalha, inclusive, com a possibilidades de ocorrerem ações envolvendo pistoleiros contratados pelos rizicultores. Na segunda-feira, o líder dos plantadores, Paulo César Quartiero, foi preso por desacato à autoridade e por mandar queimar uma ponte dentro da reserva. No mesmo dia, uma bomba caseira explodiu ao lado de uma viatura da PF que estava fazendo patrulha no local. Delegados federais temem uma reação também dos índios, que teriam pelo menos 2 mil guerreiros prontos para retirar os fazendeiros de suas terras. Quartiero, que é presidente da Associação dos Rizicultores de Roraima, foi solto ontem após o pagamento de fiança de R$ 500. Segundo seu advogado, Valdemar Albrecht, o caso será encaminhado para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, já que Quartiero é prefeito de Pacaraima.

Ontem, manifestantes contrários à desocupação da reserva bloquearam mais uma ponte na região, para dificultar o acesso dos policiais federais. O bloqueio ocorreu na ponte sobre o rio Cotingo. Na segunda-feira, eles já haviam fechado a ponte sobre o rio Surumu com caminhões, tratores e pneus velhos.

Pelo menos 500 homens da Polícia Federal e da Força Nacional de Segurança Pública devem chegar a Roraima na próxima semana para se juntar a outros 150 agentes que já estão em Boa Vista. “Sabemos que haverá resistência para a desocupação da reserva”, avalia o coordenador-geral de Defesa Institucional da PF, delegado Fernando Segóvia. Segundo ele, Quartiero lidera um movimento que envolve outros rizicultores para se manter na área, onde estão há mais de 20 anos. Hoje, pelo menos 53 famílias de pequenos agricultores e cinco grandes plantadores de arroz ainda ocupam a reserva.

A PF teme um enfrentamento e está preparada para isso. As últimas atitudes dos plantadores de arroz mostraram que eles pretendem resistir de várias maneiras, inclusive contratando pistoleiros e adotando tática de guerrilha. “Não identificamos nenhum matador, ainda, mas estamos nos preparando. Não vamos menosprezá-los e estamos levando a sério as ameaças. Por isso demoramos no nosso planejamento”, afirma Segóvia.

Desde o ano passado, a PF mantém seu serviço de inteligência monitorando a região para identificar os prováveis focos de tensão e resistência. Durante as investigações, a PF descobriu que dezenas de índios venezuelanos atravessaram a fronteira para trabalhar na fazenda de Quartiero, e estariam colhendo arroz em condições de semi-escravidão. Porém, policiais não acreditam que o líder dos rizicultores use seus empregados para resistir. Hoje ele teria pelo menos 50 pessoas ao seu lado, incluindo alguns índios que são favoráveis à permanência dos plantadores de arroz.

Oferta recusada
O governador de Roraima, José Anchieta Junior, ainda chegou a negociar com o governo federal uma saída para o problema envolvendo Quartiero. Ao agricultor, foram oferecidas terras em qualquer parte do estado, além de infra-estrutura, como energia e estradas, próximas à fazenda. O assunto foi discutido com o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto Teles, e o acordo chegou até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, Quartiero não quis negociação com a União. “A região é uma terra indígena onde o não-índio só entra se for convidado. Portanto, eles não podem ficar lá”, diz Segóvia.

Fonte: Correio Braziliense

O SINPEF/MS defende os direitos dos policiais federais