Beira-Mar pode voltar para o Rio em 60 dias

A Justiça determinou ontem que o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho BeiraMar, seja transferido em 60 dias do presídio federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, para a penitenciária Bangu I, no Rio de Janeiro. Pelo entendimento da juíza Cristina de Araújo Góes Lajchter, da Vara de Execuções Penais (VEP), o bandido poderia ficar no máximo um ano num presídio federal, mas já está há quase quatro. Para mudar a decisão, o Ministério Público terá que provar, dentro do prazo de 60 dias, que o sistema prisional de segurança máxima do Rio não tem condições de receber Beira-Mar.

O traficante cumpre pena no presídio de Campo Grande desde julho do ano passado. Antes, já havia passado por outras unidades prisionais federais.

Juíza: Bangu I é considerado presídio modelo Em sua decisão, a juíza argumentou que a custódia de um detento em prisão federal deve ser feita somente em caráter excepcional e, no máximo, por 360 dias. Cristina Lajchter enfatizou que a “penitenciária de segurança máxima Bangu I sofreu reformas, sendo considerada um presídio modelo” e que pode ser considerada apropriada para receber presos de elevada periculosidade.

O traficante Fernandinho Beira-Mar já passou por oito prisões, quatro delas classificadas como penitenciárias de segurança máxima, nos últimos seis anos. Nesse período, o bandido, segundo investigação da Polícia Federal, teria continuado a chefiar seus negócios, inclusive comandando uma execução.

Desde que foi preso em 2001, o criminoso já esteve 19 vezes no Rio, porque foi autorizado, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a assistir a todas as audiências de processos em que é réu. Cada viagem representa um gasto, em média, R$ 45 mil.

Mulher e filhos do traficante foram detidos Recentemente, mais um de seus filhos, um menor de 17 anos, foi detido ao ser flagrado com uma pistola calibre 380 em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Outros três filhos do traficante são acusados de envolvimento em crimes. Além deles, sua mulher, Jacqueline Alcântara de Moraes, também foi presa em novembro do ano passado, durante a Operação Fênix, da Polícia Federal.

Num dos episódios de maior repercussão, o traficante Fernandinho Beira-Mar comandou 23 horas de rebelião em Bangu I, em setembro de 2002. Na ocasião, foram mortos quatro integrantes de uma facção rival, entre eles Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê.

Com o fim do motim, policiais encontraram na cela do bandido uísque, cerveja e salmão defumado. Beira-Mar havia transformado o presídio de segurança máxima numa espécie de escritório, conforme atestou o Ministério Público.

Criminoso foi o primeiro a ocupar presídio Levado novamente para a superintendência da Polícia Federal em Brasília, o bandido passou depois pelas unidades de Alagoas e Espírito Santo. Em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), ele ficou preso nos presídios de Presidente Bernardes (SP) e Catanduvas (PR) e foi o primeiro a ocupar a penitenciária de Campo Grande (MS).

Fonte: O Globo

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