Tráfico dirige economia na fronteira”, diz Odilon
O tráfico de drogas dirige a economia na fronteira, com “peso muito grande no comércio e nas atividades”. É o que afirma o juiz federal Odilon de Oliveira. Ele diz que é visível em Ponta Porã a queda no movimento de pessoas, no comércio, nos restaurantes aos finais de semana e aponta a necessidade de “mudança radical” para acabar com o que chamou de economia paralela, “que tá fora do alcance da contabilidade da União, do município e do Estado”.
Para o magistrado, são necessários investimentos no comércio e indústria. “A população do sul do Estado, ainda que sofra momentaneamente com essa escassez de dinheiro, no futuro vai ganhar”, analisou o juiz nesta quarta-feira, ao conceder entrevista no Campo Grande News. “Esse é um mal que não se cura do dia para a noite”.
Ele defende ainda a união de esforços entre as três esferas de governo, atuando na prevenção, repressão e na área social. Nesse sentido, o juiz considera que as mulas são “produtos do flagelo social”. O juiz traça um perfil das pessoas utilizadas pelo tráfico. A maior parte é de mulheres. Algumas pessoas presas como mulas chegam ao Fórum de chinelos, desdentadas, diz. O histórico é de desestrutura familiar, comenta o juiz. Para ele, essas pessoas não deveriam estar na cadeia e a solução não está na esfera policial.
Além da influência na economia, o juiz aponta a influência do crime organizado no poder no Paraguai e no Brasil. “Evidentemente que no Paraguai essa promiscuidade é muito grande, no Brasil não existe essa promiscuidade, mas existe sim o tráfico alimentando determinados setores políticos, financiando campanhas”. Ao mesmo tempo, Oliveira considera que um político receber dinheiro do tráfico não pressupõe envolvimento com o crime.
Para dimensionar a relação, ele cita prisões no Conesul do Estado e na fronteira do País vizinho de políticos sul-mato-grossenses.
O juiz vê a região de fronteira e o Paraguai como pontos importantes para o tráfico de drogas. Ele cita que 80% da maconha consumida no Brasil vem do País vizinho (20% vem de estados nordestinos). Além de ser uma base da maconha, o Paraguai passou a figurar como entreposto da cocaína, principalmente depois que passou a vigorar a lei do abate, comentou o juiz federal.
A entrevista completa do juiz será divulgada na segunda-feira, com versão em vídeo. Nela, o juiz falará sobre o "confinamento" em que vive no Fórum de Ponta Porã, ameaças e estrutura do tráfico na fronteira, entre outros temas.
Fonte:Campo Grande News.
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