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Terremoto e ondas gigantes deixam milhares de mortos no Sudeste da Ási

28/12/2004

Terremoto e ondas gigantes deixam milhares de mortos no Sudeste da Ási JACARTA - À medida em que prosseguem os trabalhos de resgate e se obtém mais informações sobre as áreas atingidas, a tsunami que atingiu o sudeste asiático no domingo revela-se cada vez mais devastadora. Nesta terça-feira, o vice-presidente indonésio, Yusuf Kalla, estimou entre 21 mil e 25 mil o número de mortos no país. Isso pode dobrar o número total de vítimas em nove países estimado até agora - cerca de 27 mil.

Com amplas áreas devastadas pelas ondas gigantes geradas no pior terremoto do planeta em 40 anos, vários países do Sudeste da Ásia passaram o dia seguinte ainda tentando avaliar as dimensões cataclísmicas da tragédia. Equipes de socorro vasculham o mar em busca de turistas e pescadores levados pelo mar. Serviços de emergência lutam para retirar dos escombros corpos em franca decomposição, enquanto cresce o perigo de epidemias.

Ao fim de um dia de buscas intensas e temores irremediavelmente enraizados de uma repetição das tsunamis, a Cruz Vermelha Internacional já contava cerca de 23,7 mil mortos.

O tremor de 9 graus na escala Richter ocorreu perto da costa da Indonésia, na manhã de domingo, desencadeando uma série de ondas gigantes, que varreram diversas regiões costeiras no Oceano Índico, ao longo do Sudeste da Ásia. Além da Indonésia, foram atingidos Índia, Sri Lanka, ilhas Maldivas, Malásia, Tailândia, Mianmar, Bangladesh e até a Somália e o Quênia, na África. Os países mais atingidos são Indonésia, Sri Lanka e Índia.

Há milhares de feridos e desaparecidos nessa região da Ásia, famosa por ilhas paradisíacas e que estava lotada de turistas na hora do desastre natural. Muitas pessoas foram surpreendidas pelas ondas gigantes quando aproveitavam o domingo de sol na praia.

Os desabrigados e desalojados chegam um milhão. Na segunda-feira, diante do rastro do desastre, a Organização das Nações Unidas advertiu que há grande probabilidade de as regiões castigadas virem a sofrer, nos próximos dias, com epidemias de doenças levadas pela água e a enorme quantidade de lixo, entulho e restos orgânicos que as ondas deixaram para trás. Grupos de ajuda humanitária de todo o mundo enviaram equipes e dinheiro. Estados Unidos, Austrália e União Européia ofereceram ajuda financeira e material de socorro.

O epicentro do terremoto inicial foi registrado a 160 quilômetros da costa da ilha de Sumatra, no Norte da Indonésia, por volta das 7h de domingo (horário local), de acordo com a U.S Geological Survey, a Vigilância Geológica dos Estados Unidos. O tremor provocou ondas gigantes, de até dez metros de altura, que percorreram todo o Índico, até encontrar obstáculo: o litoral dos países mais próximos. De acordo com o centro americano, o terremoto deste domingo foi o quarto mais forte registrado no mundo desde 1900, ao lado do tremor de 9 graus que, em 4 de novembro de 1952, criou uma tsunami que alcançou o Havaí, sem deixar mortos.

O número de vítimas divulgado por governos e imprensa é impreciso e deve continuar a aumentar. Muitos turistas estrangeiros, que aproveitavam as festas de fim de ano na região, estão entre os mortos e feridos.

INDONÉSIA - País mais próximo do epicentro do tremor, a Indonésia tem um número de mortos estimado entre 21 mil e 25 mil, segundo o vice-presidente Yusuf Kalla. Os feridos passam de 100 mil.

SRI LANKA - No Sri Lanka, o número oficial de mortos pelas ondas gigantes que invadiram a costa leste do país já soma 12.212, confirmaram autoridades do país. De acordo com a Cruz Vermelha Internacional, o número subiu para 12,7 mil. Pelo menos 3,5 mil foram mortas nas áreas controladas pelo governo no Sul, no Leste e no Norte do país, mas em Tamil e nas demais áreas controladas por guerrilheiros rebeldes, equipes de resgate ainda não prestaram informações. Pelo menos 800 mil pessoas ficaram desabrigadas e muitas foram varridas para o mar.

O governo do Sri Lanka afirmou, nesta segunda-feira, temer que 200 turistas tenham morrido pela tsunami. A declaração foi feita depois que autoridades militares terem divulgado que o número de mortos havia subido para dez mil.

- Nós recebemos queixas de desaparecimento de 200 turistas desde ontem (domingo). Todos podem ter morrido - afirmou o ministro de Energia do país, Susil Premajayantha, numa entrevista coletiva.

No entanto, enquanto o órgão de turismo do Sri Lanka confirmou a morte apenas de 70 turistas, o governo confirmou apenas a existência de 19 vítimas. Entre eles estariam oito japoneses, quatro alemães e quatro indianos. Antes, um turista francês disse que sua neta havia morrido.

A água atingiu níveis considerados perigosos no Oeste do país, inclusive na capital, Colombo, onde moradores tiveram que deixar suas casas. O gabinete do primeiro-ministro informou que o país foi atingido por duas ondas gigantes, uma por volta das 9h30m (horário local) e outra ao meio-dia. Um milhão de pessoas, cerca de 5% da população local, foi afetado pelo desastre natural. A presidente Chandrika Kumaratunga pediu ajuda internacional.

- A presidente declarou estado de desastre nacional devido à seriedade da situação - afirmou um representante do governo.

ÍNDIA - Na Índia, o número de mortos chegou a 9.400 e há milhares de desaparecidos, segundo fontes do governo. As regiões mais atingidas pelo desastre natural são os arquipélagos de Andaman e Nicobar (próximas da Indonésia), com 5 mil mortes estimadas, e no estado de Tamil Nadu, com 2.890. A força da grandes ondas que atingiram a Índia foi tamanha que chegou ao estado de Kerala, localizado no Sudoeste do país e no lado oposto ao estado de Tamil Nadu. Pelo menos 92 pessoas morreram em Kerala.

O grupo "Press Trust" informou que 377 pessoas morreram no território de Pondicherry, uma ex-colônia da França cercada pelo estado Tamil Nadu.

O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, colocou a Marinha em alerta e ofereceu ajuda urgente ao Sri Lanka. Ondas de mais de seis metros de altura inundaram Andaman e Nicobar e vários pontos na Península de Bengala.

TAILÂNDIA - O paredão de água também arrasou resorts na costa da Tailândia, matando pelo menos 990 pessoas, e deixando cerca de sete mil feridos, de acordo com o governo e a imprensa. Mais de uma centena de turistas ocidentais e asiáticos que estavam mergulhando durante o feriado está desaparecida nas ilhas ao sul do país, cerca de 70 deles apenas na região da caverna Emeral.

Com água até o peito, o turista sueco Boree Carlsson agarrou-se desesperado a uma pilastra no lobby do hotel quando a onda gigante atingiu a ilha de Phuket, paraíso tailandês que ficou famoso após as gravações do filme "A Praia". As ondas na Tailândia alcançaram até dez metros, segundo testemunhas.

- Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo diante dos meus olhos - disse Carlsson, de 45 anos. que correu para um hotel quando as ondas chegaram à praia de Patong.

Entre as áreas mais atingidas estão as principais praias da região de Phuket: Patong, Karon e Laguna, onde os hotéis estavam lotados de turistas ocidentais e asiáticos no auge da temporada de fim de ano.

O governo enviou helicópteros para Koh Phi Phi e outras ilhas da região para verificar os danos e ordenou a retirada da população nas áreas atingidas, incluindo as praias do resort de Phuket e Krabi.

- Nada assim jamais aconteceu em nosso país - disse o primeiro-ministro tailandês, Thaksin Shinawatra.

MALDIVAS - Dois terços da capital das Maldivas, Male, ficaram debaixo de água e autoridades temem pelo destino dos turistas que lotavam os atóis de corais durante o período de festas de fim de ano. Foram relatadas 52 mortes no país.

MALÁSIA - Já na Malásia, país vizinho da Indonésia, autoridades locais informaram que 60 pessoas morreram, 218 estão desaparecidas e cem ficaram feridas no desastre natural.

MIANMAR - As ondas destruíram uma ponte no sudeste de Mianmar e deixaram ao menos 34 mortos. Há vários barcos pesqueiros desaparecidos na região, disseram autoridades locais. De acordo com autoridades locais, seis homens e quatro mulheres morreram na cidade costeira de Kawthaung.

- Eles foram mortos quando a ponte desabou - disse uma testemunha.

A cidade de Kawthaung fica perto da fronteira com a Tailândia, outro país atingido pelas ondas gigantes.

BANGLADESH - Em Bangladesh, pai e filho morreram quando o barco em que estavam foi atingido por uma onda gigante.

SOMÁLIA - Na costa da África, as ondas não agigantaram-se, mas o mar ficou agitado e perigoso. Na Somália, 38 pessoas morreram.

QUÊNIA - Um turista morreu no Quênia por causa do mar agitado em decorrência do terremoto. Parte da costa queniana, banhada pelo Oceano Índico e destino de muitos europeus e americanos de férias, registra fortes ondas, que chegaram a virar barcos. Não foi informada a nacionalidade da vítima.

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Fonte:Site O Globo.

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